
A eleição para o Conselho Comunitário de Segurança Pública de Candeias (CONSEG) era para ser um processo simples, voltado ao fortalecimento da segurança comunitária. Mas terminou se transformando em um cenário de tensão, acusações e judicialização — exatamente o oposto do que se espera de um órgão que deveria promover diálogo e união.
A Chapa 1, formada por Davi Cirilo e Rogério Amorim, venceu a disputa com 439 votos, contra 189 da Chapa 2, encabeçada por Neila Carine e Jair Santana. Apesar da diferença expressiva, a Chapa 2 entrou com um recurso de impugnação, paralisando o resultado e levando o caso para a Justiça.
**Mas por que tanta confusão por um conselho voluntário?
O que realmente está por trás disso?**
À primeira vista, o CONSEG é apenas um espaço de reuniões comunitárias. Mas, na prática, o órgão oferece trânsito direto com as polícias, visibilidade política, influência local e participação em debates estratégicos sobre segurança, temas que despertam interesses que vão muito além do voluntariado.
Por isso, especialistas apontam que alguns fatores costumam impulsionar disputas acirradas em conselhos desse tipo:
1. PROJEÇÃO POLÍTICA
Participar do CONSEG dá visibilidade. Presidentes costumam estar presentes em eventos oficiais, ações de segurança e reuniões com lideranças. Para quem tem pretensões políticas locais, isso importa — e muito.
2. ACESSO A AUTORIDADES DA SEGURANÇA
O conselho não decide operações policiais, mas tem diálogo privilegiado com comandantes, delegados e gestores públicos. Esse “canal direto” desperta interesse de grupos que buscam influência.
3. CONTROLE DO DISCURSO SOBRE SEGURANÇA NA CIDADE
Em tempos de redes sociais, quem lidera o CONSEG acaba virando referência quando o assunto é segurança. Isso controla narrativa, opinião pública e gera poder simbólico.
4. DISPUTAS INTERNAS ANTIGAS
Em muitos municípios, o CONSEG vira palco de brigas antigas entre grupos políticos, aliados e desafetos. A eleição deste ano pode ter reaberto feridas anteriores.
A contradição: um órgão criado para unir agora divide a comunidade
O CONSEG existe para aproximar sociedade e forças de segurança, mas a judicialização expõe o oposto:
— falta de consenso
— clima de rivalidade
— e suspeitas sobre o real objetivo de alguns envolvidos.
Para moradores, fica a sensação de que o foco deixou de ser a segurança pública e passou a ser uma disputa por espaço, influência e protagonismo.
E agora, quem perde? A comunidade.
Com o processo paralisado na Justiça, o CONSEG fica sem nova direção empossada e perde capacidade de atuação em projetos, demandas e mediações — justamente num momento em que Candeias enfrenta desafios importantes na área de segurança.
A pergunta que fica é a mesma que boa parte da população já se faz:
Se um conselho criado para ajudar a comunidade começa com briga, disputa e impasse judicial… como confiar que ele vai defender o interesse coletivo?
Mín. 21° Máx. 30°





