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Visão preconceituosa: Meninas negras são vistas como ‘menos inocentes’ que meninas brancas, diz estudo

Um novo estudo mostra que adultos tendem a achar meninas negras menos inocentes e mais adultas que as brancas. Os dados são do relatório Girlhood Interrupted: The Erasure of Black Girls’ Childhood (Infância Interrompida: O Apagamento da Infância de Crianças Negras, em tradução livre), do Georgetown Law Center on Poverty and Inequality.

“O que nós descobrimos é que os adultos enxergam meninas negras como menos inocentes e com menor necessidade de proteção do que meninas brancas da mesma idade”, explica Rebecca Epstein, uma das autoras do estudo e diretora executiva do Georgetown.

Os pesquisadores entrevistaram 325 adultos de várias etinias, níveis de formação e de regiões diferentes dos Estados Unidos. Eles usaram uma escala de inocência infantil que incuiu itens associeados com estereótipos de meninas brancas e negras. Uma pesquisa tinha questão sobre as percepções em relação a meninas negras, e a outra sobre meninas brancas.

O relatório concluiu que: meninas negras parecem mais velhas que meninas brancas da mesma idade; precisam de menos apoio, sabem mais sobre ‘assuntos de adulto’, precisam de menos proteção e sabem mais sobre sexo que meninas brancas.

De acordo com a co-autora do estudo, Jamilia Blake, os resultados da pesquisa são efeitos da ‘adultização’ de meninas negras. “As mulheres negras são vistas, historicamente, como agressivas, barulhentas, desafiadoras e hiperssexualizadas. Nós temos um estereótipo social que é perverso. Vai sendo repassado pela mídia e incorporado em nossa história e nas nossas interações sociais”, explicou ela em comunicado.

O estudo diz que essa adultização se manifesta em situações cotidianas na vida de meninas negras. Dados do Departamento de Educação dos EUA revelam que meninas negras são duas vezes mais suspensas nas escolas que meninas brancas. Além disso, as negras ainda são expulsas mais vezes que as brancas. De acordo com o estudo, as meninas são submetidas a conteúdos ‘adultos’ a partir dos cinco anos de idade.

“O fato de você pensar que uma menina negra de cinco anos sabe mais sobre sexo [que uma menina branca] é impressionante para mim. Quando esse estereótipo é colocado em uma menina tão nova, isso rouba dela toda a inocência de ser criança”, diz Jamilia.

As autoras esperam que os dados da pesquisa sirvam para ajudar a mudar o jeito como as crianças negras são vistas pela sociedade. “É um apelo à conscientização pública e a uma reforma nas políticas públicas. Nós imploramos que legisladores, advogados e políticos examinem as disparidades que existem na educação e sistema de Justiça para meninas negras e façam reformas que preservem a infância para todos”, pediu Jamilia em um comunicado.