Candeias: A queda de um cacique

Antes do pleito, alardeava, assim como familiares, parentes e amigos que, onde estive a eleição estaria decidida a favor. Seria mais uma vitória da velha política de Candeias, onde o uso “da máquina pública” virou uma forma febril de ganhar as eleições municipais em detrimento da imensa maioria da população.

Aos amigos dizia que o “Menino”, inexperiente e sem o preparo adequado, não poderia administrar Candeias, uma cidade de 90 mil habitantes, R$ 275 milhões por ano. Faltava-lhe capacidade. Quem conhece a cidade sabe que a mesma experimenta gestões desastrosas há anos mesmo com gestores “supostamente experientes”.

O empresário João Soares, um dos grandes construtores da região, pai do vereador reeleito da Câmara Gil Soares, eleito presidente da Casa Legislativa com apoio efetivo do prefeito eleito Dr. Pitagoras (mas que hoje faz questão de negar o apoio que foi decisivo) chegou a oferecer antes e durante a campanha vantagem de até 10 mil votos para a candidata derrotada Tonha Magalhães, a quem mesmo ele abandonou em 2012.

Outro que errou e perde força foi o Sr. Da Luz, do PTdo B. Apostou primeiro que nem Pastor Lima nem Serrinha SS, com que teve desavenças, se elegeriam, e depois acreditou em Val da Saúde. Equivocou-se feio. Nenhum dos 3 se elegeu. No PTdoB apenas Jorge da JM foi eleito e não reza na cartilha do Sr. Da Luz.

Evidente que a maioria da população de Candeias em nenhum momento sequer cogitou tamanha diferença na eleição de prefeito, mesmo porque seria uma espécie de “Ba-Vi”: os contra e os a favor.

No dia da eleição para causar impacto, foi utilizado o método de “impressionar os eleitores e os indecisos” como se hoje, na era do “Whats’App”, do Instagram, do Telegram, do Facebook e da “experimentação verdadeira da liberdade de expressão”, as pessoas se deixassem facilmente enganar com o visual do 25 em todos os cantos, ruas e guetos.

Em 2012, depois de inicialmente se aliar a ex-prefeita Tonha, o “cacique” incentivou a candidatura do Sargento Francisco, hoje afastados, prefeito que responde a vários processos desde outubro daquele ano, que vão da compra de votos a enriquecimento ilícito.

Derrota

Convicto de que a ex-vereadora, ex-prefeita e ex-deputada federal esmagaria o “Índio” chegou a oferecer até 12 mil votos de frente. Pessoas próximas à coordenação da “tsunami azul”, que parou à beira da praia, dizem que alguns já comemoravam a vitória por volta das 13h do dia 02, com o pleito ainda em andamento.

A partir das 14h, o que se viu foi o “voto silencioso” por toda Candeias comparecimento às urnas e consagrando o 11, o “Menino”. Muitos foram votar ainda receosos de mais um governo, agora do DEM com apoio do PTB, do PTdoB, do PTC e de outras siglas que poderia ser de perseguições e represálias como essa cidade sempre viveu.

Por volta das 17h05, em frente ao Colégio Paulo VI, por coincidência residência do prefeito eleito Dr. Pitagoras, o “cacique” pedia os boletim de urna aos fiscais e demonstrava não acreditar no que via.

À distância dava para perceber que algo não deu certo. Incrédulo, conversava com os fiscais, olhava para um e outro boletim e depois de mais ou menos 5min andando se dirigiu ao Colégio Luiz Viana para se certificar de que todas as previsões falharam. Depois de algum tempo, entrou no carro em direção ao Centro da Cidade.

O que faltou

Faltou considerar que o candidato era o “Menino”, um candeense jovem, médico e vereador e possuidor de um “carisma” comparável a estrelas e personalidades;

Faltou entender que o “Menino” ao longo de 3 anos e 9 meses como vereador teve um discurso coerente em defesa dos direitos dos cidadãos de baixa renda de Candeias, a 5ª cidade mais rica e a 7ª arrecadação da Bahia, que precisam da intervenção e apoio sérios do Executivo;

Faltou entender que os tempos mudaram não somente nos dias, meses e anos: também no jeito de ser;

Faltou entender que ficar ao lado da “máquina” por 3 anos e 9 meses e abandoná-la às vésperas da eleição hoje tem um preço. O povo acordou.

Finalmente faltaram 12 mil 235 votos para ganhar com 10 mil de frente ou 2 mil 135 para vencer a eleição.

Boa sorte Dr. Pitagoras e para os 90 mil candeenses ávidos por “justiça e seriedade com a coisa pública”.

Yancey Cerqueira, Dr. h.c.

Radialista DRT-BA 06