Cerca de 2 mil jogadores de clubes de todas as divisões do Brasil assinaram um documento contra projetos de lei que tramitam em Brasília para modificar a Lei Pelé e afetam diretamente a categoria. No abaixo-assinado, o grupo pede que a Presidência da República interceda na questão. A articulação dos atletas foi feita por um grupo de capitães e líderes de elencos de clubes das Séries A, B, C e D, junto com a Fenapaf (Federação Nacional dos Atletas Profissionais de Futebol).
O documento deverá ser entregue ao presidente Michel Temer nas próximas semanas. O governo foi comunicado oficialmente sobre o movimento, mas o abaixo-assinado ainda não foi enviado. O grupo de atletas entende que há propostas pertinentes sobre maneiras de usar verbas mal destinadas que poderiam servir para aposentadoria dos atletas. Eles também acreditam que os investimentos existem, mas são mal direcionados e teriam de ser realocados.
Antes do início do Campeonato Brasileiro houve uma tentativa frustrada de diálogo entre jogadores e a presidência da república. Na ocasião, os representantes dos jogadores foram orientados a procurar o Ministério do Esporte, de quem aguardam uma posição. Contrariados, os jogadores usaram faixas pretas sobre os uniformes na primeira rodada do brasileiro.
Posteriormente a categoria se articulou para voltar a pressionar o governo. Mas escândalos recentes envolvendo o governo suspenderam a discussão por algumas semanas. As delações premiadas abriram investigação ao presidente Michel Temer, alvo de inquérito pedido pela Procuradoria-Geral da República (PGR). Com o governo voltado para estancar a crise causada pelas divulgação dos áudios, no dia 18 de maio, o assunto ficou em segundo plano. Mas a ideia é retomar o diálogo agora.
A luta dos jogadores é contra a Lei Geral do Futebol, em trâmite na Câmara dos Deputados, e a Lei Geral do Desporto, no Senado, que modificam a Lei Pelé. Segundo a Fenapaf, a mudança que mais afeta os jogadores é o fim do direito de Arena. Há outros pontos das reformas – como a possibilidade de fatiar as férias em até três períodos ao longo de um ano e regras mais flexíveis para rescisão de contratos – que desagradam à categoria.
Por enquanto, não está programado nenhum protesto para a sexta rodada do Brasileirão, marcada para este fim de semana. A ideia do movimento é conscientizar a classe dos atletas em uma espécie de continuação do movimento Bom Senso FC. Nesse caso, porém, os líderes da Fenapaf criaram um grupo de diálogo com os capitães dos clubes para discutar temas referentes aos direitos dos jogadores. A mudança da Lei Pelé é um ponto central de todas essas discussões.
A mensagem dos atletas com o primeiro protesto da faixa no uniforme é mostrar que a categoria está se organizando e discutindo assuntos importantes. Ainda que os motivos sejam considerados justos pelos jogadores, há a consciência de que esse tipo de atitude gera represálias e inibe os atletas mais novos.
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