A mudança de endereço da Rodoviária de Salvador, que será transferida da Av. ACM para Águas Claras, ainda não tem data definida para acontecer, mas já preocupa passageiros que utilizam com frequência o serviço de transporte intermunicipal e interestadual. O temor maior é quanto à insegurança da nova localização, uma vez que a região não dispõe de comércio estabelecido e é pouco movimentada.
Às margens da BR-324 e com ligação direta com o metrô, o espaço que vai abrigar a Nova Rodoviária de Salvador, atualmente, tem como comércio de referência apenas um posto de abastecimento ao lado da pista da rodovia federal. “É tudo deserto e mais distante de tudo. Tenho casos de colegas que já foram assaltadas por conta disso, então, é complicado. Aqui [na rodoviária atual], mesmo com o perigo, tem uma certa tranquilidade por ser centro de cidade”, afirma a instrumentadora cirúrgica Lidiane Góis, de 43 anos.
A atendente Larissa Santos, 25 anos, acredita que será beneficiada pela mudança de endereço porque ficará mais próxima do local de trabalho, já vez que mora em um bairro da redondeza. Atualmente, ela precisa acordar às 3h45 da madrugada para estar no trabalho às 5h45 da manhã. Com a mudança, ficaria a 20 minutos de distância do emprego.
Apesar do benefício para a rotina, Larissa pontua que a preocupação com a segurança supera até mesmo o ganho de tempo que será adquirido com a alteração de endereço da rodoviária. “É no meio do nada e tem uma passarela lá que eu não vejo ninguém passando, só de bicicleta. Eu mesma não passo e, se tivesse outro caminho, seguiria outro caminho. Então, acho que a rodoviária deveria ter mais estabelecimentos em volta. Se vai se mudar, que vá com o comércio para ocupar aquele espaço vago”, enfatiza.
No caso da dona de casa Camila Hora, 40 anos, que costuma viajar pelo menos uma vez no ano para o interior baiano, a reclamação é quanto à distância. “Se eu for pegar um ônibus à noite, vou ter que sair umas 16h de casa, porque moro na Rótula do Abacaxi. Para viajar hoje, eu cheguei aqui quase em cima da hora, mas porque não é tão distante. Muda muito as coisas, mas para pior”, se queixa.
O pedreiro Marcelo Almeida, companheiro de Camila, entende como natural a insatisfação com a distância, já que as regiões que eram beneficiadas deixarão de ser, enquanto outras vão ganhar esse benefício pela primeira vez. O que preocupa ele, no entanto, é uma das justificativas para mudança: o trânsito.
“Indo para lá [Águas Claras] e tentando melhorar aqui [Av. ACM], vai desafogar um lado, mas vai apertar do outro. Por isso, acho que não deveria mudar a rodoviária de lugar. Melhorar não vai”, opina Marcelo.
Já o aposentado Fidel Pereira, 65, se preocupa com os preços dos transportes por aplicativo. Ele, que atualmente vive em Conceição do Coité, no nordeste da Bahia, sempre vem a Salvador carregando malas para um tempo de descanso na capital e, por isso, precisa recorrer ao uso de apps para chegar até o bairro de São Gonçalo do Retiro, onde fica.
Em uma simulação rápida, a reportagem verificou que ele terá aumento de pelo menos 66% no valor do transporte por aplicativo. “De qualquer forma, impacta mais no bolso da gente, mexe na economia. Não é tão caro o valor, mas, no país inflacionado que vivemos, qualquer centavo de gasto a mais é prejuízo”, finaliza.
Jornal Correios
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