Londres voltou a enfrentar a tragédia do terrorismo nesta quarta-feira, 22. Pelo menos quatro pessoas foram mortas e 40 ficaram feridas em um atentado cometido na área externa do Parlamento do Reino Unido, o coração do poder britânico, e da ponte de Westminster, um dos pontos turísticos mais visitados do mundo.
O ataque ocorreu às 14h40 (11h40 em Brasília) e marcou o retorno da violência a uma grande capital europeia, exato um ano após os atentados de Bruxelas. A autoria do ataque ainda está sendo investigada. O atentado se desenvolveu em duas fases. Por volta das 14h40, o motorista de um carro SUV acelerou pela Ponte de Westminster, no centro de Londres, e atropelou pedestres, inclusive na calçada.
Tiros perto do Parlamento britânico deixam feridos e interrompem sessão
Uma mulher ferida jogou-se no Rio Tâmisa e teve de ser socorrida por barcos que passavam pelo local. Na ponte, as imagens gravadas por cinegrafistas amadores mostraram corpos estirados pelo chão e grupos de pessoas tentando prestar atendimento, antes da chegada das equipes de socorro.
Membro de um grupo de 36 estudantes franceses, três dos quais feridos com gravidade pelo automóvel, Johan testemunhou ao jornal Ouest France. “Havia uma barreira que nos separava da rua, mas ela cedeu e o carro acelerou contra os alunos”, contou. “Eu estava ao lado. Muita gente chorou, passou mal. Eu ouvi a seguir dois tiros e vi três ou quatro pessoas feridas atrás de mim.”
A trajetória do veículo só foi interrompida centenas de metros à frente, quando o motorista colidiu contra as grades do Parlamento. Então, um homem desceu e correu em direção ao posto de segurança do Old Palace Yard, o principal acesso à sede do Legislativo, usada por deputados e primeiros-ministros. Armado de uma faca, lançou-se contra dois policiais, atingindo um deles – que morreu minutos mais tarde.
Tom McTague, jornalista do site Politico que trabalhava no momento do ataque, descreveu os acontecimentos. “A multidão começou a correr e a gritar, e um agressor passou a entrada correndo, apunhalou um policial e voltou a correr, mas foi baleado duas vezes pela polícia”.
O ataque provocou o fechamento do entorno do Parlamento, bloqueado pela polícia. A sessão legislativa foi suspensa e os deputados ficaram confinados no interior do prédio. A primeira-ministra, Theresa May, foi retirada em segurança para um local não informado. David Lidington, líder do Partido Conservador na Câmara dos Comuns – equivalente à Câmara dos Deputados -, informou no plenário que um homem armado havia apunhalado um policial em uma das entradas do Parlamento, antes de ser dominado pelas forças de ordem. “Uma ambulância está no local para retirar as vítimas”, afirmou.
Nas imediações, mais de 500 pessoas ficaram retidas na abadia de Westminster por razões de segurança, outras dezenas não puderam deixar a London Eye, a roda gigante situada na margem oposta do Tâmisa. Às 16h32 (horário local) a Polícia Metropolitana confirmou via Twitter: Nós estamos tratando o caso de Westminster como um ato terrorista”. Durante a noite, o policial Mark Rowley afirmou que as autoridades acreditam saber quem foi o autor do ataque, mas não deram nenhuma informação sobre a identidade da pessoa.
Em resposta aos acontecimentos, Theresa May anunciou a convocação de uma reunião de crise na qual seriam decididas as medidas para enfrentar a ameaça terrorista. O Ministério do Interior britânico confirmou que reforçará o policiamento na cidade, ampliando o número de policiais armados – 2,8 mil em Londres, ou cerca de 10% do efetivo que patrulha a capital.
“O nível de ameaça do Reino Unido foi definido em grave por algum tempo e isso não vai mudar”, informou a premiê em um pronunciamento em Downing Street, elogiando a ação da política e anunciando que o Parlamento funcionará normalmente nesta quinta-feira, em resposta ao atentado. “O local deste ataque não foi um acidente. Os terroristas optaram por atacar o coração de nossa capital, onde pessoas de todas as nacionalidades, religiões e culturas se reúnem para celebrar os valores da liberdade, da democracia e da liberdade de expressão.”
Mapa: local do incidente em Londres:
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