
''Quando a pessoa atinge uma certa idade, a sociedade, como um todo, começa a enxergá-la como frágil, que não serve mais. É preciso mudar a mentalidade”
O etarismo pode afetar pessoas em qualquer idade, mas seu efeito é muito prejudicial em pessoas em estado frágil ou de dependência, de acordo com o professor Egídio Dórea, coordenador do Programa USP 60+ da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária da USP e da Comissão de Direitos Humanos da Universidade, as consequências do preconceito de idade são prejudiciais para a saúde mental, além da depressão que afeta grande parte da população idosa, a solidão e o declínio cognitivo podem se desenvolver com o preconceito. No entanto por mais que as consequências do etarismo sejam amplamente pesquisadas, os estudos e pesquisas sobre os seus efeitos no psicológico das gerações mais jovens é muito menor, além de que, quando discutido, seu foco é nos problemas enfrentados pelas pessoas idosas, deixando as gerações mais novas em segundo plano ou ignoradas. Apesar de pouco discutido focando em pessoas jovens, o etarismo continua a ser de importante discussão, tanto para jovens quanto idosos, sem negligenciar as diferentes faixas etárias envolvidas. É importante lembrar que o preconceito contra idosos também afeta a população jovem, a discriminação contra pessoas mais velhas pode afetar familiares de crianças e adolescentes, sejam pais, mães, tios, avós e outros, assim como pode prejudicar a saúde mental e física da pessoa, além das doenças mencionadas anteriormente, idosos que sofrem com etarismo são mais suscetíveis a doenças cardiovasculares, além de outras doenças como demência e artrite, mas essas consequências não são exclusivas de idosos com 60 anos ou mais, menosprezar alguém mais velho pode ajudar a desenvolver de forma precoce as doenças citadas, assim como ocorre com qualquer contra indicação médica. Felizmente o etarismo só causa um efeito psicológico e físico na vítima caso ela não possua apoio familiar ou o preconceito venha de familiares, famílias que apoiam seus membros mais velhos garantem uma melhora na autoestima da pessoa e em sua confiança, contribuindo contra decaimento mental e físico. De acordo com Vania Herédia, presidente do departamento de gerontologia da SBGG (Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia):“O etarismo se manifesta de várias formas. Essas atitudes e ações dificultam a aceitação e acentuam a negação da velhice. A discriminação por idade é mais forte em sistemas onde a sociedade aceita a desigualdade social.”
Uma das diversas formas do etarismo se manifestar é através dos estereótipos, um exemplo é a frase “Isso é roupa de velha” ou “Isso é roupa de adolescente”, as frases discriminatórias são muitas e prejudiciais, e para pessoas jovens uma das formas mais comuns de etarismo é subestimar a pessoa, normalmente seu conhecimento. Essa discriminação é mais comum com crianças e adolescentes, podendo também acontecer com jovens adultos e pode promover a falta de autoestima e de confiança, além de outros problemas psicológicos. Em questionário que realizei sobre o etarismo foi perguntada se a pessoa ou alguém que conhecia já sofreu preconceito por causa da idade, mais da metade das pessoas que responderam ao questionário afirmaram que sim, totalizando 87,5% que disseram que sim e 12,5% responderam não.
Durante entrevista sobre o mesmo tema a entrevistada relata diversos casos no qual presenciou etarismo, em um dos casos contou sobre como presenciou pessoas que, enquanto passavam ao lado de idosos sentados em um banco, conversavam entre si sobre como eles não deveriam estar naquele local, continuando a falar mal dos idosos que descansavam. Em outro caso envolvendo crianças a entrevistada relatou como presenciou e tentou conscientizar pais de crianças que verbalmente estavam abusando das mesmas, utilizando as seguintes expressões “essa criança é burra” e “essa criança não vai ser nada na vida”, os relatos da entrevistada mostram como o idadismo está enraizado como uma prática rotineira no país, em pergunta realizada no questionário sobre os casos de etarismos e se sua ocorrência é considerada rotineira, a maioria das respostas afirmam que sim com 87,5%, enquanto apenas 12,5% são respostas que afirmam que o etarismo não acontece de forma rotineira no Brasil.
A entrevistada também relatou como dentro do ambiente de trabalho ela presenciou diversas vezes funcionários novos sendo preconceituosos contra os funcionários mais velhos e como o etarismo pode ser prejudicial para saúde física e mental das vítimas, ressaltando a depressão e a demência como doenças que podem se desenvolver por causa do etarismo. No questionário os participantes revelam a importância de se combater o etarismo, assim como os benefícios de uma sociedade menos preconceituosa com pessoas de diferentes faixas etárias, em comentários como os abaixo os benefícios da diminuição do preconceito são evidentes. “Respeito a dignidade humana. Entender como o Brasil sofreu o fenômeno de envelhecimento rápido da sua população. Principalmente da faixa etária 80+. Que essas pessoas possuem grande conhecimento e muita experiência de vida"
“Evitá-lo permitirá maior aprendizado para o jovem (com a experiência do mais velho) e reinserção do mais velho no mundo contemporâneo”
“Melhora da convivência e aprendizado para os jovens na convivência harmônica com os mais velhos absorvendo a sua experiência.”
O etarismo é consequência de diversos fatores sociais, entre eles a educação, conscientiza sobre o preconceito é uma das mais eficientes formas de combate, mas políticas públicas para pessoas idosas e a mudança de pensamento sobre crianças e adolescente devem começar em família, como ressalta o comentário de participante do questionário.“A importância de educar os jovens perpetua na criação de uma sociedade mais respeitosa, com mais políticas públicas que ajudam na manutenção da aposentadoria da população acima de 60 anos, desenvolvendo melhor o respeito e o convívio entre seres humanos.”
A educação é essencial para desenvolvimento de políticas públicas para idosos e para prática do respeito entre gerações.
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