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Justiça nega pedido de prisão a condutor de embarcação

O dono e condutor da embarcação que naufragou em Madre de Deus, Fábio Freitas dos Santos, teve o pedido de prisão preventiva negado pela Justiça, que levou em consideração argumentos do Ministério Público. O barco virou por volta das 22h do último domingo, 21, causando a morte de oito pessoas e deixando quatro feridas. As vítimas voltavam de uma festa na ilha de Maria Guarda.

Segundo documento que o Portal A TARDE teve acesso, o homem é investigado por não ter prestado socorro às vítimas. A embarcação estaria com lotação superior a permitida e não poderia realizar transporte de passageiros. O responsável pelo barco também não possuía habilitação para a condução.

A decisão, assinada pela juíza Andrea Teixeira Lima Sarmento Netto afirma que após análise dos acontecimentos registrados no último domingo, aponta que não há elementos neste momento para que a prisão preventiva do suspeito seja decretada. Ela leva em consideração também a briga dentro da embarcação, que teria sido responsável pelo acidente e a incerteza com relação ao número de pessoas dentro do barco.

O advogado de Fábio Freitas dos Santos, Elder Costa Santos, afirmou ao Portal A TARDE que não é plausível afirmar que o condutor omitiu socorro as vítimas, já que o acidente também foi responsável pela morte da filha, Flaviane Jesus dos Santos, de 29 anos, e do neto, Jonathan Miguel, de 9 anos. O argumento também aparece na decisão do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia.

Em entrevista, Fábio Freitas contou que estava curtindo o domingo com a família no mar e parou no píer da Ilha de Maria Guarda para buscar a filha Flaviane Jesus dos Santos, de 29 anos. Neste momento, a embarcação teria sido invadida.

“Quando encostei, aquele pessoal entrou no barco. Pedi para saírem, porque o barco não era para transporte, mas eles não saíram, se sentaram e eu não tinha como tirar eles do barco”, disse Fábio Freitas, em entrevista à TV Bahia nesta quarta-feira, 24.

O homem contou também que minutos antes do acidente, escolheu tirar o barco do píer e ir embora. Fábio negou a possibilidade de ter cobrado passagem e lembrou que a embarcação não operava com esse objetivo. “Não fretei o barco para ninguém. Nunca fretei, porque ele não é barco para isso, continuou. O barco só tinha permissão para operar de forma recreativa.

Ele revelou que não tem conhecimento sobre quantas pessoas estavam no barco, mas descartou que tinham 20 passageiros, como foi cogitado por testemunhas. Segundo o comandante, uma briga generalizada teria sido a causa do acidente. Todas as pessoas estariam sentadas antes da confusão.

“Aconteceu uma briga entre eles, que eu não sei informar o motivo. Pedi para eles, que pelo amor de Deus, parassem com a briga, porque tinham crianças e eu falava para eles pensassem nos filhos deles. Foi todo mundo para um lado só, o barco não aguentou o peso e virou”, contou.

Em entrevista realizada nesta segunda-feira, 22, o major Diego Pestana, comandante da 10ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM/Candeias), informou que Fábio Freitas teria chegado a se apresentar no terminal antes de fugir. A esposa do condutor, identificada pelo prenome Sandra, disse que após o acidente, o homem foi para Salvador acompanhar o corpo da filha.

 

Imagem ilustrativa da imagem Naufrágio: Justiça nega pedido de prisão a condutor de embarcação

Ameaças

Fábio Freitas e Sandra precisaram deixar a casa onde moravam em Madre de Deus. Eles estão sendo alvos de ameaças de morte. Segundo a mulher, a primeira aconteceu ainda no píer, logo após o acidente.

Sandra relatou que um dos homens que participou da briga que teria ocasionado o acidente disse que a filha morreu no naufrágio e que por isso mataria o piloto. Ela lamentou ao lembrar que Fábio Freitas também perdeu a filha e o neto.

Por consequência das ameaças, o comandante do barco não conseguiu acompanhar o velório e o sepultamento da filha Flaviane de Jesus e do neto Jonathan Miguel, de 9 anos. “Não pude ir me despedir dela porque estou sendo ameaçado lá”.

Defesa e falta de habilitação

O advogado do piloto, Elder Costa, se apresentou à Polícia Civil nesta terça-feira, 23, e alegou que a embarcação teria sido invadida pelo público que estava na ilha. Ele confirmou também que o piloto do barco não possui habilitação para ser condutor da embarcação.

Elder Costa disse nesta quarta-feira, 24, que tentou apresentar o cliente na terça, mas a informação foi negada pelo delegado Marcos Laranjeiras. Ele afirmou ainda que os aguarda, caso queiram prestar esclarecimentos a respeito do acidente.

Por meio do Comando do 2° Distrito Naval, a Marinha do Brasil divulgou que encerrou as buscas pelos sobreviventes do naufrágio nesta terça-feira.