O empresário Emílio Odebrecht disse, em depoimento ao juiz Sérgio Moro, nesta segunda-feira (13), que jamais tratou de pagamentos ilícitos com Antonio Palocci, mas “não tem dúvidas” de que ele pode ter sido um dos operadores do PT e recebido recursos em favor do partido.
A oitiva está sob sigilo na Justiça Federal do Paraná, mas o G1 teve acesso às informações. Emílio depôs como testemunha de defesa na ação da Operação Lava Jato em que seu filho,Marcelo Odebrecht, é acusado de pagar propinas ao ex-ministro.
O dono do grupo também afirmou que o sistema de doações “não contabilizadas” de empresas a partidos políticos é “reinante” no país desde 1990, quando ele era vice-presidente executivo do grupo, e seu pai, Norberto, era o presidente.
“Eu sabia que existia, exatamente, o uso de recursos não contabilizados [por parte do grupo Odebrecht]. Sempre foi um modelo reinante no país.” Segundo ele, essas práticas funcionaram até recentemente, por volta de 2014 e 2015.
Emílio disse que sabia da existência de um responsável pelos pagamentos dentro da Odebrecht, mas negou conhecer o “Setor de Operações Estruturadas”, o “departamento de propinas”, denominado assim pelo Ministério Público Federal (MPF).
O empresário também afirmou que nunca lhe foram pedidas vantagens indevidas, diretamente, por parte do Partido dos Trabalhadores (PT) ou de Antonio Palocci.
Emílio afirmou que conheceu Palocci em 1998, com quem sempre conversou muito, mas que sempre tratou apenas de assuntos “importantes para o país”.
‘Italiano’
O dono da Odebrecht afirmou que não saberia dizer, com certeza, se o codinome “italiano” nas planilhas de pagamentos de propina se referia a Palocci. No entanto, o empresário disse depois que “italiano” poderia, sim, ser o ex-ministro.
“Existem muitos apelidos na organização, eu seria leviano. (…) Não sei dizer se efetivamente era o doutor Palocci, mas com certeza ele também era identificado como ‘italiano'”, afirmou Emílio.
Defesa
O G1 tenta contato com José Roberto Batochio, que defende o ex-ministro Antonio Palocci. De acordo com o escritório do advogado, ele estava em voo por volta das 16h30 desta segunda-feira.
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