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Movimentação de Derrite ao lado de Cunha e Lira escancara tentativa da direita de enfraquecer a Polícia Federal

A ofensiva para reduzir a autonomia da Polícia Federal ganhou novos capítulos nesta semana. O deputado Guilherme Derrite (PP-SP), relator do projeto que tenta limitar a atuação da PF, voltou a se movimentar nos bastidores do Congresso mesmo após enfrentar forte rejeição de especialistas, entidades da sociedade civil e parlamentares de oposição.

O projeto, apontado por analistas como um risco direto ao combate ao crime organizado — sobretudo o crime de colarinho branco — já foi modificado quatro vezes em apenas seis dias, sinal claro das dificuldades do relator em construir apoio. As alterações, porém, não afastaram a principal crítica: o texto enfraquece instrumentos de investigação e cria brechas que beneficiariam agentes públicos investigados.

Em meio às controvérsias, Derrite participou de um almoço reservado ao lado do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (Republicanos-RJ) — condenado por corrupção e lavagem de dinheiro — e do deputado Arthur Lira (PP-AL), líder influente do Centrão. A reunião reforçou a leitura de que figuras poderosas do campo conservador estão diretamente envolvidas na tentativa de avançar um projeto que reduz a capacidade investigativa da PF.

Para oposicionistas, a movimentação expõe “a verdadeira face da direita no Congresso”: enquanto apresenta o projeto como medida contra facções, ele fragiliza justamente o órgão federal responsável por investigações complexas de corrupção e lavagem de dinheiro. Especialistas também lembram que operações de grande impacto, como as que atingiram esquemas políticos bilionários, nasceram de núcleos de investigação que o projeto tende a enfraquecer.

A pressão pública contra o texto aumentou após a revelação do encontro com Cunha e Lira. Críticos afirmam que o episódio reforça o caráter político da iniciativa — mais voltada à proteção de interesses do que ao fortalecimento da segurança pública.

Diante do desgaste, a votação segue indefinida. Mas o episódio deixou um recado claro: a disputa em torno do projeto não é apenas sobre modelos de combate ao crime, e sim sobre quem deve ser alcançado — ou poupado — pelo braço investigativo do Estado.