O partido de centro-direita União Democrata-Cristã (CDU) venceu as eleições parlamentares da Alemanha neste domingo (23/2), com 28,6% dos votos após a conclusão da contagem.
A legenda de direita radical Alternativa para Alemanha (AfD) ficou em segundo lugar, com votação recorde de 20,8%. Sua líder Alice Weidel afirmou que foi um “resultado histórico”, já que o partido obteve enormes ganhos desde a eleição de 2021.
Líder da CDU, Friedrich Merz terá a missão de formar um novo governo alemão, no lugar do chanceler Olaf Scholz, da coalizão de centro-esquerda do Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD).
O partido de Scholz terminou em terceiro lugar, segundo a contagem final, e os Verdes ficaram em quarto.
Confira o resultado preliminar:
- CDU-CSU: 28,6%
- AfD: 20,8%
- SPD: 16,4%
- Verdes: 11,6%
- Esquerda: 8,8%
- BSW: 4,97%
- FDP: 4,3%
- Outros: 4,5%
Merz falou a apoiadores na sede do seu partido neste domingo. Ele elogiou uma “campanha eleitoral fantástica”, mas falou sobre seu “respeito por nossos oponentes políticos”.
“Agora vamos conversar juntos e é importante formar um governo o mais rápido possível… O mundo lá fora não está esperando por nós”, disse o líder dos democratas cristãos.
“Todo mundo no mundo vê que a Alemanha tem um governo confiável e digno de confiança”, acrescentou ele. “Esta noite estaremos comemorando e a partir de amanhã retomaremos nosso trabalho.”
Aos 69 anos e com 1,98 m de altura, Merz é um conservador social, pró-negócios e de discurso direto, que passou anos aguardando sua chance.
Ele faz parte do partido da ex-chanceler Angela Merkel, com quem travou disputas no passado sobre a liderança da CDU.
Ofuscado por Merkel desde 2002, ele acabou deixando a política, atuou nos conselhos de bancos de investimento e passou a pilotar aviões como um hobby.
Ele disputou a liderança do partido, mas perdeu para Merkel em 2018 e depois para Armin Laschet, que acabou sendo derrotado na eleição alemã de 2021.
Merz então assumiu o comando da CDU e concorreu sob o slogan “Uma Alemanha da qual possamos nos orgulhar novamente”.
Ele prometeu controles permanentes nas fronteiras e regras de asilo mais rígidas para restringir a imigração, além de reduzir impostos e corta 50 bilhões de euros em gastos com assistência social para reaquecer a economia alemã. Também se comprometeu a reforçar a ajuda à Ucrânia.
No entanto, ele provocou forte reação antes das eleições ao tentar endurecer as regras de imigração para contar com votos do partido de extrema-direita Alternativa Para a Alemanha (AfD), o que acabou não dando certo.
Embora Merz tenha descartado qualquer aliança com o AfD, a ex-chanceler Angela Merkel disse que ele estava “errado” ao aceitar os votos do partido, e ele enfrentou grandes protestos.
Merz também prometeu uma liderança mais firme da Alemanha na Europa e maior apoio à Ucrânia, sem descartar uma futura adesão do país à Otan.
Votação histórica da AfD
A AfD será a segunda força na política do país — conquistando uma votação histórica para o Parlamento alemão. O copresidente da legenda, Tino Chrupalla, disse que está “muito orgulhoso do partido”.
“Estávamos unidos, nossa campanha foi direcionada e fomos disciplinados”, disse ele, ao lado da copresidente Alice Weidel.
“Podemos realmente provocar uma mudança histórica”, afirmou, acrescentando que o partido “está sempre abertos a negociações”.
Outros partidos têm sido inflexíveis em não formar uma coalizão com a AfD. Mas Chrupalla diz que seu partido recebeu “um mandato para provocar mudanças políticas”.
Ao longo da última década, a AfD tem sido um dos partidos que mais cresceu junto ao eleitorado alemão.
O partido é liderado por Weidel, uma mulher lésbica e conservadora que se tornou popular entre os eleitores jovens no TikTok, principalmente homens.
A AfD propõe medidas como a saída da União Europeia, a volta do marco alemão no lugar do euro como moeda nacional, o reestabelecimento de relações com a Rússia, a desativação de usinas eólicas e uma política de “remigração” — com deportação de cidadãos alemães baseado nas suas etnias.
Novo governo
Nas eleições desde domingo, estavam sendo disputados 630 assentos no Parlamento alemção.
As eleições para o chamado Bundestag normalmente ocorrem a cada quatro anos. A próxima estava prevista para 28 de setembro de 2025, mas foi antecipada devido ao colapso do governo Scholz.
A coalizão governante será formada pelos partidos que conseguirem juntos mais de 50% dos assentos.
Isso quer dizer que os conservadores CDU e CSU precisam se somar a outras legendas.
No entanto, Friedrich Merz descartou formar uma coalizão com o partido de extrema-direita AfD, o que limita suas opções de parceiros de governo.
Isso torna mais provável um acordo com os Sociais-Democratas (SPD), de Scholz, embora haja resistência dentro do partido devido a disputas recentes sobre migração.
Scholz disse neste domingo que os resultados das eleições são “amargos” para seu partido, chamando-os de “derrota”.
Falando com apoiadores em Berlim, o chanceler alemão disse que é um momento “em que temos que reconhecer que perdemos a eleição”.
Na eleição anterior, ele disse, o partido teve um resultado “melhor” pelo qual ele foi “responsável”, acrescentando que esse resultado “é pior, e eu sou responsável por isso também”.
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