A Polícia Federal investiga se a regularização de condomínio na Zona Oeste do Rio de Janeiro teria motivado o assassinato da ex-vereadora Marielle Franco (Psol-RJ). Em delação, o ex-policial militar Ronnie Lessa afirmou que Marielle virou alvo porque defendia que terrenos fossem ocupados por pessoas de baixa renda e que o caso fosse acompanhado pelo Instituto de Terras e Cartografia e o Núcleo de Terra e Habitação, da Defensoria Pública do Rio.
Acusado de disparar contra a ex-vereadora Marielle e o motorista Anderson, Lessa fechou acordo de delação premiada com a Polícia Federal. Porém, a delação ainda precisa ser homologada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). O nome citado pelo ex-PM tem foro por prerrogativa de função, por isso cabe ao ministro Raul Araújo analisar o caso.
O nome do conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro, Domingos Brazão, foi citado tanto por Élcio de Queiroz, que dirigia o carro com Ronnie Lessa no momento do assassinato de Marielle e já fez delação à PF no ano passado, quanto por Ronie Lessa. Brazão já havia sido investigado pela Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) antes da delação, por atrapalhar as investigações do caso.
A suspeita é a de que o conselheiro teria usado um policial federal aposentado e funcionário do gabinete no Tribunal de Contas para levar o policial militar Rodrigo Jorge Ferreira, conhecido como Ferreirinha, a acusar o então vereador Marcello Siciliano e o miliciano Orlando Curicica como sendo os mandantes do crime. Após o avanço das investigações, Ferreirinha respondeu por obstrução da Justiça.
Ao O Globo, Brazão se declarou inocente e afirmou que Lessa teria o apontado como mandante do assassinato porque “quer esconder alguém. “Eu venho sangrando na cruz há algum tempo com essa acusação. Pelo menos cinco anos. Já fui investigado por todas as esferas: Polícia Civil, Ministério Público e Polícia Federal”, disse o conselheiro.
“Ninguém conseguiu provar nada contra mim. Não acredito que esses servidores estivessem dispostos a colocar suas carreiras em jogo para me proteger. A investigação da morte da Marielle e do Anderson prendeu vários milicianos e nenhum está ligado a mim, porque não me misturo a essa gente”, acrescentou Brazão.
Marielle foi morta a tiros em 14 de março de 2018, no bairro do Estácio, localizado na região central da capital fluminense. A vereadora, que saía de um evento com mulheres negras, foi assassinada com quatro disparos na cabeça. Anderson Gomes, motorista do carro que a transportava, foi atingido por três projéteis nas costas e também morreu.
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