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Bolsonaro busca apoio de condenados e investigados em esquemas de corrupção

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RIO — A resistência do pré-candidato do PSL à Presidência, deputado Jair Bolsonaro, em construir alianças com alas tradicionais da política diminui a cada dia. Na terça-feira, o capitão da reserva do Exército admitiu pela primeira vez negociar até mesmo com o líder máximo do PR, Valdemar Costa Neto, condenado no processo do mensalão, para ter o senador Magno Malta (PR-ES) como seu vice. E fez ainda um surpreendente elogio ao presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, alvo das investigações da Lava-Jato e que pretende disputar o governo de São Paulo pelo MDB.

— Se precisar falar com ele (Costa Neto), eu falo. Quero o Magno como vice. Só por causa dele vou condenar o PR inteiro? — relativizou Bolsonaro, ontem, ao GLOBO.

O deputado questionou ainda se apenas ele sofreria essa cobrança, tentando dividir o desgaste com alianças polêmicas feitas por outros presidenciáveis.

— E os partidos que querem negociar com o Temer? E os que podem caminhar com o PT? Só eu que vou ser cobrado por isso? — questionou o parlamentar, que sempre empunhou a bandeira da ética contra acordos partidários.

Bolsonaro, porém, afirma que a negociação para ter Malta na sua chapa não envolverá a nomeação de aliados de Costa Neto, caso seja, de fato, eleito.

Magno Malta tem dito a interlocutores ter carta branca do partido para fechar uma aliança com o pré-candidato do PSL, mas que sua prioridade é, por ora, construir uma rede de apoio para Bolsonaro que lhe dê alguma margem de governabilidade no Congresso em caso de vitória.

Em outro aceno à pré-candidatos de partidos que Bolsonaro costuma atacar pela questão ética, o deputado afirmou ontem que tem simpatia por Skaf, citado por Marcelo Odebrecht como recebedor de recursos irregulares na campanha de 2014. A declaração foi feita em entrevista para a rádio “Jovem Pan”. O emedebista nega todas as acusações feitas pela operação Lava-Jato.

— Sou simpático a ele (Skaf). Já o (João) Doria, que me atacou várias vezes, não tem porque eu apoiá-lo — afirmou.

Procurado, o pré-candidato do MDB se disse “feliz com a manifestação positiva do Bolsonaro”.

Em março, uma reportagem do GLOBO mostrou que, apesar do discurso em defesa da ética na política, o capitão da reserva do Exército tinha aliados com histórico incômodo na Justiça. Um deles era o presidente do PSL na Paraíba e articulador do clã Bolsonaro no Nordeste, Julian Lemos, que foi condenado em primeira instância, em 2011, a um ano de prisão em regime aberto por estelionato. A demora no julgamento, porém, fez com que o processo prescrevesse antes da decisão em segunda instância. Julian nega participação no ocorrido.

Outro político ligado a Bolsonaro que escapou da Justiça por conta da demora foi o presidente nacional do PSL, Luciano Bivar. Ele foi réu por associação criminosa e violação de sigilo telefônico. Apenas em 2016, a Justiça considerou prescritos os crimes.

Bolsonaro anunciou, ontem, que não vai se licenciar do mandato para fazer campanha.

 

Fonte: oglobo.com