Com o cancelamento da estreia nacional do filme “Marighella”, o ator e diretor Wagner Moura, que assina roteiro e direção da obra, acusou o governo federal de censurar o longa e afirmou que o lançamento não ocorreu por “questão política”.
“Como grande empresa, a [produtora] O2 não pode chegar e dizer que a Ancine censurou o filme. Mas eu posso. Sustento o que já disse. É uma censura diferente, mas é censura, que usa instrumentos burocráticos para dificultar produções das quais o governo discorda. Não há uma ordem transparente por parte do governo para que isso aconteça, no entanto já vimos Bolsonaro publicamente dizer que a cultura precisa de um filtro. E esse filtro seria feito pela Ancine”, disse o artista baiano, em entrevista ao colunista Eduardo Sakamoto, no site UOL.
“Não tenho a menor dúvida de que Marighella não estreou ainda por uma questão política”, completou Wagner Moura, acrescentando que o órgão vinculado à Secretaria Especial de Cultura “negou pedidos da produção que possibilitariam o lançamento”.
Para o ator, a decisão da Ancine não foi tecnicamente ilegal, mas não havia razão para isso. “Ou seja, essa negativa tem a ver com o contexto em que estamos vivendo”, disse o artista, afirmando que “a forma que o governo escolheu para censurar a cultura no Brasil foi aparelhar instituições”, já que o cinema e o teatro nacional ainda são dependentes de recursos públicos. “Quando a Ancine é aparelhada pelo bolsonarismo, qualquer pedido com relação a um filme como o Marighella será negado”, declarou.
O filme estava previsto para ser lançado no Brasil no dia 20 de novembro de 2019, Dia da Consciência Negra. Atualmente, “Marighella” está sem data de estreia prevista, após a Ancine negar os pedidos da produtora O2 para antecipar um reembolso do Fundo Setorial do Audiovisual e o redimensionamento de orçamento, para viabilizar a distribuição da obra.
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