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Venda de peixes cai 50% após surto de doença misteriosa

Pescadores e vendedores de peixe em Salvador estão tendo que convencer seus clientes de que a misteriosa doença, que pode estar relacionada com o consumo de pescados, não tem origem na capital. Apesar dos mais de 60 quilômetros de distância da região de Guarajuba, onde pode ter começado o problema, os comerciantes de Salvador estão convivendo de perto com as consequências dele e estimam queda de pelo menos 50% nas vendas.

Ontem, com a notícia de que o número de pessoas afetadas subiu de 18 para 22, segundo balanço da Sesab, comerciantes passaram a temer prejuízos ainda maiores, especialmente na última semana do ano, quando as vendas crescem.

O presidente da Colônia Z1, Marcos Souza, o Branco, que acompanha 11 núcleos de pescadores de São Joaquim à Boca do Rio, pondera que o surto agravou um problema já existente. “Há muitos fatores, como a crise financeira. Estávamos tendo uma queda de 30% das vendas, mas agora, com essa patologia, já é mais de 50% de prejuízo. Está muito difícil vender”, estima.

O presidente da Colônia de Pescadores de Itapuã, Arivaldo Santana, reforça a estatística. “Em uma época ruim a gente vende de sexta para sábado 100 quilos de peixe, mas estávamos com uma vendagem boa antes disso, de 150, 200 quilos no final de semana. Quando chegou no sábado passado, tivemos um baque, nem 50 quilos vendemos”, exemplifica Arivaldo.

Branco e Arivaldo alertam os consumidores e atribuem o problema à falta de cuidados no manejo e na conservação, ou até mesmo à má fé de vendedores informais que oferecem peixes de consumo duvidoso como sendo iguarias famosas. “Não sou nenhum cientista, mas a experiência que a gente tem é que são peixes de águas profundas, no caso de olho de boi, ou de pedra, como o badejo, e que não seriam contaminados facilmente assim”, afirma Branco.

O setor também  se sente prejudicado por boatos na internet. “Nenhum especialista disse que não se podia comer peixe”, retruca Arivaldo. Na mesma linha, o peixeiro Roque Santana, que tem 30 anos de profissão e atua em Água de Meninos, cobra cautela na hora de definir as causas da doença. “O peixe por si só dificilmente cria problemas, lembro uma época que ficaram dizendo em plena Semana Santa que não era para comer peixe por causa de uma maré vermelha e quando foram ver, não tinha problema nenhum com o peixe”, afirma.

Fonte: Correio