A noite de pesadelo acabou em alívio. Depois de vencer o modesto Jorge Wilstermann, da Bolívia, por 4 a 0, na semana passada, em São Januário, e comemorar antecipadamente a ida à fase de grupos da Libertadores, o que parecia ser uma mera formalidade se tornou um drama para o Vasco. Atônito, o time carioca levou quatro gols de cabeça e viu o jogo ir para os pênaltis. Só então o Vasco foi Vasco e, com três defesas do goleiro Martín Silva, conquistou a classificação. Pelo grupo 5, a equipe do técnico Zé Ricardo enfrentará Cruzeiro, Racing, da Argentina, e Universidad do Chile.
O time boliviano começou fazendo o óbvio: aproveitando a altitude para intimidar o Vasco com correria. A tática funcionou de uma forma que nem o mais otimista torcedor do Império Escarlata poderia imaginar. Aos 17 minutos, o Jorge Wilstermann ganhava de um apoplético Vasco por três a zero. Aos cinco, após um escanteio, o gordinho zagueiro Zenteno subiu mais do que a defesa vascaína e abriu o placar. Na saída de bola, o time carioca perdeu a bola e assistiu o brasileiro Serginho — o melhor em campo — cruzar da esquerda para Pedriel, também de cabeça, superar Martín Silva e fazer dois a zero.
A pressão continuou, com Serginho chegando com facilidade ao lado esquerdo de ataque, onde a marcação de Yago Pikachu não era eficiente. O terceiro gol era questão de tempo: mais uma vez Serginho, pela esquerda, fez boa jogada e cruzou para Chávez, que chegou antes do zagueiro Ricardo e fez inacreditáveis três a zero.
Logo em seguida, Evander chutou de longe para boa defesa do goleiro Giménez, mas o Vasco ainda não tinha os nervos no lugar. Isso aconteceu aos poucos, até o fim do primeiro tempo, enquanto o time boliviano recuperava o fôlego — mesmo acostumados à altitude, os jogadores iniciaram o jogo em uma intensidade impossível de ser manter por 45 minutos. Quando o colombiano Wilmar Roldán apitou o fim do primeiro tempo, aos 47, o apavorado Clube de Regatas Vasco da Gama respirou aliviado.
Mais sofrimento no segundo tempo
Os dois times voltaram iguais para o segundo tempo. No caso do Jorge Wilstermann, além da formação, a tática: Serginho às costas de Pikachu. O Vasco, depois da conversa com o técnico Zé Ricardo — que certamente não foi amena —, voltou com a intenção de manter a posse de bola e, se possível, ir ao ataque. Como ninguém pediu substituição, é possível concluir que a parte física não foi problema.
Aos 10 minutos, o Vasco podia se vangloriar de não ter tomado mais nenhum gol. Mais: embora não tivesse controle do jogo — nem conseguisse trocar mais de três ou quatro passes no campo de ataque —, tampouco sofreu com chances claras de gol da equipe boliviana. Quando se aproximou da área adversária, o time carioca sofreu um contra-ataque, puxado pelo onipresente Serginho, que quase resultou em gol. E ainda faltava meia hora de jogo…
Aproveitando o momento, o técnico Álvaro Peña tirou o cansado Pedriel e lançou o atacante brasileiro Lucas Gaúcho. Zé Ricardo respondeu na mesma moeda, trocando o extenuado (e pouco útil) Wagner pelo rápido Rildo, que entrou causando problemas à defesa boliviana. O jogo parecia equilibrado quando Serginho bateu uma falta para dentro da área, e mais uma vez o gordinho Zenteno, sozinho, cabeceou para o gol: quatro a zero, quatro gols de cabeça, aos 25 minutos.
Já com Riascos no lugar de Paulinho, o Vasco ensaiou atacar. Aos 34, Rildo foi derrubado na linha da grande área. Seria pênalti, mas o juiz assinalou falta fora da área, que Pikachu bateu por cima.
Atacar ou defender? Com a expulsão infantil de Thiago Galhardo aos 38, após atirar a bola em Serginho, não havia mais dúvidas: restava ao Vasco segurar os quatro a zero e tentar a sorte nos pênaltis. O Wilstermann ainda teve chances de ganhar a classificação em campo, mas o jogo terminou com mesmo placar da partida de ida.
— É inadmissível a partida que a gente fez — confessou, ao fim do jogo, um aliviado Pikachu.
Em uma nota lamentável, jogadores do Vasco ouviram insultos racistas de torcedores do Jorge Wilstermann. A polícia foi chamada, mas são poucas as chances de que os criminosos sejam identificados ou, muito menos, punidos.
Jorge Wilstermann 4 (2) x 0 (3) Vasco
Jorge Wilstermann: Giménez, Meleán, Alex Silva, Zenteno e Aponte; Saucedo (Jorge Ortiz), Machado, Pedriel (Lucas Gaúcho) e Chávez (Melgar); Serginho e Álvarez.
Vasco: Martín Silva, Yago Pikachu, Paulão, Ricardo e Henrique; Desabato, Wellington, Wagner (Rildo) e Evander (Thiago Galhardo), Paulinho (Riascos) e Ríos.
Gols: 1T: Zenteno aos 5m, Pedriel aos 6m, Chávez aos 16m; 2T: Zenteno aos 25m e .
Pênaltis: Para o Vasco, Ríos, Pikachu e Wellington marcaram e Desábato e Rildo desperdiçaram. Para o Jorge Wilstermann, Megar e Jorge Ortiz marcaram e Lucas Gaúcho, Meleán e Alex Silva desperdiçaram.
Juiz: Wilmar Roldán (Colômbia).
Cartões amarelos: Alex Silva, Martín Silva, Lucas Gaúcho, Henrique, Serginho
Cartão vermelho: Thiago Galhardo.
Local: Estádio Olímpico Patria (Sucre, Bolívia).
GLOBO
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