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Suicídio de policiais supera mortes em operações no país, aponta relatório

O soldado Antônio Figueiredo Sobrinho perseguia um suspeito durante um bico de vigia quando levou um tiro nas costas, vindo do comparsa do bandido. Na época com 26 anos, casado e pai de dois bebês, ficou paraplégico. Desesperado com a nova condição, em um ano tentou duas vezes acabar com sua vida. À noite, sozinho no quarto, chegou a engatilhar a arma que usava e apontar para a cabeça. Desistiu em ambas as ocasiões.

— Achava que, tirando minha vida, estaria tudo resolvido. Não traria mais vergonha para minha família. Não teria mais de ver meus filhos passando necessidade, nem meus colegas organizando vaquinha para fazer compra para mim — lembra o soldado.

Histórias como a de Sobrinho estão por todo o Brasil. Em 2018, policiais civis e militares cometeram mais suicídios do que morreram em serviço , segundo dados do 13º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, lançado na última terça-feira. Foram 104 suicídios no país, o equivalente a dois policiais mortos a cada semana. O número saltou 42,5% em comparação a 2017, ano que registrou 73 casos. No último ano, 87 policiais foram vítimas de Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLI) — em geral, durante confrontos com bandidos.

Mito do policial herói

Elisandro Lotin, presidente do Conselho de Administração do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, responsável pelo levantamento, diz que o mito do policial herói, tido como imune a problemas, as condições estressantes da atividade e a indiferença do Estado diante dos altos índices de suicídios explicam o fenômeno:

— De um lado, o policial não pede ajuda para evitar ser visto como o fresco, o mole. Em alguns lugares, quem se afasta para se tratar tem até perda salarial. Do outro, a maioria dos estados não tem um corpo de psicólogos e psiquiatras para cuidar dos policiais. Ou tem um puxadinho ou nem tem.

 

 

O Globo