Roraima, na região Norte do país, foi o único estado que não foi afetado por um apagão nacional registrado nesta terça-feira (25). Não por acaso, é o único estado do Brasil fora do Sistema Integrado Nacional (SIN) de transmissão de energia elétrica. Termelétricas locais, movidas a diesel e operadas pela empresa Roraima Energia, abastecem o estado.
Nesta terça, Operador Nacional do Sistema de Energia (ONS) afirmou que “uma ocorrência na rede de operação do Sistema Interligado Nacional interrompeu 16 mil megawatts de carga em estados do Norte e Nordeste do Brasil”. Com isso, estados do Sudeste também foram afetados.
O isolamento de Roraima custará R$ 12 bilhões só em 2023 para abastecer os usuários distribuídos nos 15 municípios, de acordo com projeções do Ministério de Minas e Energia citadas pela rede CNN. A conta é dividida entre os consumidores de energia elétrica de todo o país, por meio da Conta de Consumo de Combustível (CCC).
Governo brasileiro quer voltar a comprar energia da Venezuela
Apesar de ter passado ileso pelos problemas de abastecimento nesta terça, moradores de Roraima relatam frequentes quedas de energia pelo estado, sobretudo no interior. Em abril, por exemplo, o fornecimento ficou interrompido durante cinco horas, após o desligamento geral do parque gerador. O Operador Nacional do Sistema de Energia chegou a acionar a Usina Jaguaritica II para apoiar a recomposição da energia.
Até o início de 2019, a maior parte do abastecimento de energia em Roraima era feita por meio da transferência de energia da hidrelétrica de Guri, na Venezuela. Durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), em meio a apagões no país vizinho, o fornecimento foi interrompido. A relação conturbada entre o ex-mandatário e o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, travou as negociações pela retormada do serviço.
Em 2001, os governos de Brasil e Venezuela chegaram a inaugurar uma linha de transmissão de Boa Vista até a usina de Guri. Outra linha de transmissão conectaria Boa Vista a Manaus, mas as obras nunca começaram por afetarem uma terra indígena do povo Waimiri-Atroari e ainda dependem de licenciamento ambiental.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou em maio que o governo brasileiro havia tomado a decisão política de voltar a comprar energia da Venezuela para abastecer Roraima. Ele, mencionou, no entanto, que seria preciso fazer um estudo de viabilidade técnica e econômica. Esse levantamento, segundo o ministro, começaria a partir de então.
Silveira destacou que a volta da importação de energia da Venezuela não interrompe o planejamento para interligar Roraima ao sistema nacional. Pouco antes, em coletiva de imprensa ao lado de Maduro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva também indicou o interesse em retomar o negócio com o país vizinho.
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