Ninguém ensina como ser pai ou mãe — e muito menos a criar um filho com autismo.
É o que pensa e sente Ximena Agrelo, uma farmacêutica argentina de 53 anos, mãe dos gêmeos Vicente e Fidel, hoje com 18 anos.
Vicente tem um nível de autismo grave.
A fala dele é limitada — ele pronuncia apenas frases curtas de três ou quatro palavras, que também são difíceis de entender para quem não faz parte do seu ambiente.
Isso é o que mais preocupa Ximena: sobretudo, como vai ser no futuro, quando ela não estiver mais aqui?
É um tema comum entre pais de filhos com dificuldades extremas, que sofrem com a forma como vão envelhecer, quem vai cuidar deles quando já não puderem apoiá-los e o que os outros filhos ou familiares vão ter de enfrentar.
Quando fomos consultar um neurologista, a princípio ele nos disse que poderia ser falta de maturidade, e que ele deveria entrar para o jardim de infância.
Mas quando voltamos um tempo depois ao consultório, ele viu o Vicente, e não precisou de mais nada para o diagnóstico: era autismo.
Foi um balde de água fria, Não queríamos tocar no assunto.
Foi um momento de introspecção, uma mistura de emoções, de angústia, do que vai ser, de como vai ser. Foi um choque.
Mas, ao mesmo tempo, foi um momento de empoderamento para mim.
Acho que não tive muita consciência, muito menos do que outras mães com quem converso, que ficaram deprimidas e não saíram da cama
Para as mulheres que são mães de um filho autista, eu diria: Não parem de trabalhar, pelo amor de Deus! Continuem sendo mulheres, saiam com as amigas, frequentem a academia… porque a realidade é que se vocês não fizerem isso, seu cérebro vai fritar.
Soa horrível, mas me dá alívio dizer isso: Gostaria que ele morresse cinco minutos antes, ou um minuto antes de mim. Me preocupa mais deixá-lo sozinho ou deixá-lo com o irmão.
Me parte o coração, quero que seja a última coisa que aconteça, mas no fundo fico aliviada quando penso que ele morre antes de mim.
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