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Psicóloga candeense Jamile Ferreira em seu artigo alerta a sociedade para o Setembro Amarelo, e Diz: Se você não acredita que “pode se salvar”, dificilmente o fim será diferente, ninguém além de você pode dar a si mesmo a chance de mudar isso.

Setembro amarelo é uma campanha de conscientização sobre a prevenção contra o suicídio. Segundo o CFM (Conselho Federal de Medicina) e a ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria), lançadores da Campanha Nacional de Prevenção ao Suicídio, o objetivo é chamar atenção para o tema e simbolizar o compromisso com a vida, já que a cor amarela significa vida, luz, alegria e, para os organizadores, é o contraponto simbólico ideal do problema.
O suicídio é a última expressão da falta de esperança. Para quem se encontra em profundo sofrimento, e acredita que já fez de tudo, ou que não existe nenhuma solução viável que possa ajudá-lo(a) a mudar a sua realidade, tirar a própria vida parece ser a única saída possível de acabar com o sofrimento.
O que pouquíssimas pessoas sabem, é que, quando estamos deprimidos, tendemos a ter uma visão negativa de nós mesmos, de nossas experiências e de nosso futuro. Essa visão negativa nos leva a acreditar que tudo o que façamos não tem valor, e embora nossos parentes e amigos se esforcem ao máximo, para nos mostrar os pontos positivos da situação e nossas incontáveis qualidades, a única coisa que conseguimos fazer é descartar todos esses aspectos como irrelevantes.

“Não aguento mais sofrer”, “a vida é muito difícil”, “sou um fardo para as pessoas”, “não tenho valor”, “não sirvo para nada”, “eu nunca vou ser feliz”, “eu sempre vou ser um fracasso”, são exemplos muito comuns das razões para morrer, que as pessoas com pensamentos suicidas apresentam.

A mente deprimida funciona como uma espécie de fábrica de pensamentos negativos, mas, o problema maior ainda estar por vir, tais cognições distorcidas e negativas, se apresentam como fatos, como acontecimentos imutáveis, e é justamente por esta razão, que as pessoas apresentam tanta dificuldade para mudar a forma de enxergar o seu presente e o seu futuro, e acreditam que o suicídio é a resposta para resolver os seus problemas.
Enquanto você ler essa matéria, algumas coisas do tipo podem ter passado ou estão passando pela sua cabeça:
“Eu não posso acreditar que alguém seja capaz de tirar a sua própria vida, simplesmente porque não consegue resolver seus próprios problemas, ou porque não conseguiu conquistar algo fútil, isso pra mim é querer chamar a atenção”.
“Uma pessoa que eu amo está passando por problemas do tipo, mas, não sei como posso ajuda-la”.
“É exatamente assim que tenho me sentido. Já pensei /planejei/tentei tirar a minha própria vida, pois não acredito em nada que possa me ajudar a ter uma vida melhor”.
Para o primeiro caso, o que tenho a dizer é que não és o único (a) a pensar assim. E eu compreendo que talvez para você, seja difícil tentar entender porque essas coisas acontecem com uns e com outros não. Vale ressaltar que esse “uns” retrata um suicídio a cada 40 segundos no mundo e a cada 45 minutos no Brasil, segundo a Comissão de Assuntos Sociais (CAS).
Por isso, deixo aqui o meu convite para repensar sua opinião, e quem sabe, se aproximar e bater um papo de forma empática (colocando-se no lugar do outro, sem julgamento) com pessoas que já passaram ou passam por esse problema, após essa experiência, se achar pertinente, faça alguns ajustes em sua opinião.
Já para o segundo caso, é importante que tenha a consciência de que pessoas suicidas tornam-se um perigo para elas mesmas, e nesse momento é fundamental que os membros da família e amigos deem o apoio necessário à essa pessoa e o quanto antes busque uma ajuda especializada de um psicólogo e um psiquiatra. Embora o tratamento profissional seja crucial para esse momento, o amor, o acolhimento, a compreensão e o cuidado de quem nos ama, torna-se tão imprescindível quanto o tratamento psicoterapêutico e psiquiátrico.

E em especial para o terceiro caso, o que tenho a dizer é que precisamos ter em mente que pensamentos não são fatos, o fim ainda não chegou se não tentamos de tudo, e quando eu digo tudo, me refiro a literalmente todas as soluções terapêuticas possíveis!
Eu posso lhe garantir que você ainda não experimentou todas as técnicas terapêuticas, até porque, existem inúmeras formas de vencer a depressão.
Você pode estar pensando: “Eu já fiz terapia a muitos anos, tomei muitos medicamentos e nada mudou, por que eu deveria me sentir mais otimista quanto ao meu futuro?”.
Se me permite, quero então lhe fazer um convite. Dê a si, o privilégio da dúvida sobre a falta de esperança no futuro; e ao invés de alimentar suas razões para morrer, pense e anote em um papel sobre suas razões para viver (e aqui vale uma regra, eu costumo dizer aos meus pacientes que nesses casos ficam proibidas as frases “não sei” e “não tem nenhuma razão para continuar vivo(a)”), se a depressão dificulta que você realize esse exercício, tente se perguntar: Se eu não estivesse deprimido(a), quais seriam as razoes para viver? Isso é importante já que suas razões para viver podem melhorar substancialmente após sua depressão melhorar.
Tirar a sua vida é a decisão mais importante que você tomará. Faz sentido tomar essa decisão em um momento em que o seu pensamento pode estar completamente distorcido de forma negativa? Faz sentido decidir quando você não buscou todas as opções disponíveis?
Você não pode melhorar a menos que esteja vivo(a) para trabalhar seus problemas. Você pode fazer algo positivo todos os dias, e se pode fazer coisas positivas acontecerem, então, há esperança!
Dependendo do grau de sofrimento que você se encontra no momento, é possível que não consiga fazer coisas positivas ou desenvolver um pensamento mais otimista sozinho(a), e é por isso que nós psicólogos existimos, para ajuda-lo(a) nessa mudança. Trabalhando juntos podemos reverter essa situação, portanto, não hesite em procurar ajuda.

A falta de esperança é um dos sintomas mais graves da depressão, e a maior tragédia da depressão é o suicídio. A desesperança é um sintoma que faz parte da depressão, mas, é apenas isso, e não uma expressão precisa da sua realidade.
Uma das coisas mais difíceis de fazer é sentir falta de esperança e ainda assim prosseguir. Esperança nem sempre é fácil. Ela requer trabalho, envolve frustração e se trata de um futuro que você ainda não conhece, mas, é real. Se você não acredita que pode se salvar, dificilmente o fim será diferente, ninguém além de você pode dar a si mesmo a chance de mudar isso.

Fontes:
Leahy, Robert L. Vença a depressão antes que ela vença você.
http://www12.senado.leg.br

Jamile Ferreira
Psicóloga – CRP 03/13678
Terapeuta-Cognitivo Comportamental
Life Coach
Practitioner em PNL em formação

(71) 99345-0676
Facebook: jamileferreirapsi
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