Se os planos da Prefeitura de Salvador saírem do papel, em meados de 2020 a mobilidade da cidade terá um novo recurso: o Bus Rapid Transit, o BRT. Ao todo, as duas etapas da obra vão custar R$ 800 milhões – parte custeada pelo Governo Federal.
De acordo com o projeto que será executado pelo consórcio BRT Salvador, na primeira etapa, que custará R$ 212 milhões, o modal vai ligar a região do Parque da Cidade à estação do Iguatemi. O segundo trecho, que ligará o Parque da Cidade à Estação da Lapa, será licitado até meados do ano e tem previsão de investimentos no valor de R$ 412 milhões – R$ 300 da União e R$ 112 milhões do Programa de Financiamento das Contrapartidas do Programa de Aceleração do Crescimento (CPAC).
O problema é que, segundo especialistas em mobilidade urbana, o alto investimento do BRT é feito sem o planejamento adequado e, muito em breve, o modal será uma solução ultrapassada para o transporte público.
Urbanista cita “emaranhado de viadutos”: “Pensamento imediatista”
Quando o projeto do modal foi lançado, em abril do ano passado, o Jornal da Metrópole ouviu o ex-presidente da seccional baiana do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), Paulo Ormindo, que criticou o “emaranhado de viadutos”. Só na primeira etapa estão previstos três viadutos e três elevados. “E uma desvalorização total do uso social”, disse.
Um ano depois e após diversas recomendações do Instituto de Arquitetura, o projeto manteve os erros apontados. “Não se tem pensamento a longo prazo, é [uma solução] imediatista”, pontuou Carl Von Hauenschild, conselheiro do IAB.
Coletivo em segundo plano: “Falta lógica”
Para o urbanista Carl Von Hauenschild, o BRT de Salvador, assim como o que aconteceu em cidades como Bogotá e Curitiba, vai se tornar uma solução ultrapassada em poucos anos, pois não beneficia, prioritariamente, o transporte em massa. “É imediatista e sem atender a demanda. Esses viadutos, no fundo, resolvem mais problema do tráfego privado, do carro, do que do BRT. Eles são, claramente, um apoio ao transporte individual que você quer reduzir com o investimento em transporte coletivo. Mas incentiva o transporte individual. É uma falta de lógica”, analisa.
Desmatamento mobiliza população
Um abaixo-assinado criado pelo Movimento Salvador sobre Trilhos reúne 37 mil assinaturas e tenta frear o desmatamento que deve ser causado pelas obras. Enquanto a Prefeitura de Salvador afirma que 163 árvores serão removidas, dados do Movimento obtidas junto ao Ministério das Cidades apontam que 579 árvores — algumas centenárias — serão arrancadas. Coordenador do Movimento, Luis Brasileiro cita ainda o prejuízo que será causado pelo revestimento dos rios Lucaia e Camarajipe.
Lapa-Iguatemi em 16 minutos
Secretário de Mobilidade de Salvador, Fábio Mota rebateu as críticas sobre a inviabilidade do projeto. “Para o local da cidade não é ultrapassado. Não é só um projeto de transporte público, ele vai resolver toda a questão de saneamento, a questão da mobilidade, pois vai criar os novos viadutos e elevados”, argumentou. Segundo a Prefeitura, para a segunda etapa da obra, estão previstos a implantação de viadutos em locais como a Avenida Garibaldi e elevados. A viagem da Lapa ao Iguatemi deve durar 16 minutos.
Metro 1
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