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Essa semana foi uma semana triste em Chapecó. É que o 29 de novembro é uma data que ficou marcada na vida de milhares de pessoas como o dia da tragédia da Chapecoense. Claro que ainda há uma confusão com o dia, pois na Colômbia ainda era dia 28. Mas poucos esquecem aquela madrugada chuvosa em que muitos foram acordados com a notícia de que o avião que levava a delegação da Chapecoense e convidados para jogar a final da Copa Sul-americana, caiu próximo de Medellín, por falta de combustível.
– É difícil pois eram todos nossos amigos, ainda me arrepio quando ouço a música vamos, vamos Chape – disse Altair Zanella, um dos fundadores do clube.
Ele acompanhou a procissão dos torcedores que saíram da Catedral Santo Antônio em caminhada até a Arena Condá, cantando. Umas das músicas escolhidas foi a que a torcida do Atlético Nacional fez em homenagem ao time catarinense.
– A gente veio aqui não só pela Chapecoense, mas pelas pessoas que eles eram – afirmou o corretor de vendas Ernani Siqueira.
Seu amigo Daniel Lupatini, lembrou de uma vez em que o lateral Gimenez foi até em casa buscar uma camisa da Chapecoense para trocar.
– A gente sempre conversava no estacionamento após os jogos e eu tinha combinado de trocar uma camiseta retrô de 77 com ele. No dia ele esqueceu e foi até em casa, buscou a camisa e me trouxe – lembrou.
Essa proximidade dos jogadores com a torcida marcou muito a torcida. Jéssica Lazaretti, que é uma das seis remanescentes do grupo Daniletes, criado em 2014, em homenagem ao goleiro, conta que a relação com a torcida não era simplesmente de jogador para torcedor.
– Ele estava presente na nossa vida. No começo era só questão de fã e ídolo, mas depois ele conversava com a gente, a gente frequentava a casa dele, ele era nosso amigo – lembrou. Ela não esquece os quatro pênaltis defendidos pelo goleiro contra o Independiente e a defesa com o pé na semifinal da Sul-Americana, contra o San Lorenzo.
A auxiliar administrativa Francieli Fiorini também vestiu uma camisa com a foto do goleiro. Ela chegou em Chapecó em 2014, vinda do Mato Grosso, e um tempo depois virou amiga do goleiro e da esposa do goleiro, Letícia, pois trabalhava no prédio em que moravam. Nesta quinta-feira, ela foi pela primeira vez visitar o túnel “Pra Sempre Chape”, onde há as fotos de momentos marcantes das vítimas do acidente, e que ficou aberto ao público. Ela parou em frente a uma das fotos do goleiro e fez um registro com o celular.
– Quando fiz aniversário em 2015 estava sozinha na cidade e eles me convidaram para comer uma pizza na casa deles e ele me deu uma camisa autografada. Outra vez foram até Pinhalzinho visitar meus avós – disse, enxugando as lágrimas.
As homenagens encerraram com um culto ecumênico Átrio Daví Barella Daví, que leva o nome de um ex-conselheiro do clube e que estava na viagem como um dos convidados e foi uma das 71 vítimas. No local existe uma fonte com o nome de cada uma delas. No fundo da fonte, um mapa da América do Sul, com as cidades de Chapecó e Medellín. Cidades que ficaram unidas há dois anos pela solidariedade. Representantes do 14º Regimento de Cavalaria Mecanizada, de São Miguel do Oeste, que carregaram 50 caixões que foram velados na Arena Condá, debaixo de chuva, também foram homenageados com uma placa.
Na cerimônia estavam presentes familiares, amigos e torcedores. Também estavam presentes quatro dos seis sobreviventes: os jogadores Jakson Follmann, Alan Ruschel e Neto e o jornalista Rafael Henzel.
Neto, que luta para votar a jogar futebol, tirou fotos, cumprimentou e deu autógrafos a muitos dos presentes. E transmitiu uma mensagem de conforto.
-Nesse momento a gratidão é maior do que a dor, por tudo que a gente viveu, pela importância que essas pessoas tiveram pelo clube. Também na dor é possível tirar lições. Eles nos deixaram a lição de que o segredo do sucesso é trabalhar com amor, com companheirismo e sempre com a verdade. A gente sentia que a cidade e o torcedor pulsava conosco. Agradeço a Deus por estar vivo, aos que rezaram por mim, ao carinho recebido e espero que a Chapecoense volte a alcançar o mesmo patamar que alcançou- disse o zagueiro.
Ao final, com a música Amigos Para Sempre, os familiares pegaram as rosas brancas que estavam junto a cada um dos nomes das 71 vítimas do acidente, e as jogaram na fonte.
Nesta semana o jogo decisivo contra o São Paulo até ficou esquecido. Mas no domingo muitos vão estar novamente na Arena Condá, horando o que os que foram fizeram pelo clube. E, como disse Neto, que eles sirvam de inspiração para todos sermos melhores.
DC
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