Policiais civis, federais e rodoviários federais realizam uma manifestação na manhã desta terça-feira, 9, no aeroporto de Salvador, contra a Reforma da Previdência. Durante o ato pacífico, que começou às 6h, os participantes vão entregar cartas aos deputados federais, com itens da reforma que, segundo a categoria, necessitam de ajustes, como o período da atividade policial e Aposentadoria Especial.
Estão reunidos no local representantes dos sindicatos dos Policiais Civis do Estado da Bahia (Sindpoc), dos Policiais Rodoviários Federais no Estado da Bahia (Sindprf-BA) e dos Policiais Federais no Estado da Bahia (Sindipol), Associação dos Delegados da Polícia Federal – Regional Bahia, (ADPEB) e dos Peritos Federais.
De acordo com Eustácio Lopes, presidente do Sindpoc, aproximadamente 24 deputados federais e um senador passarão pelo aeroporto nesta terça, e cada um deve receber a carta com a proposta dos profissionais de segurança pública. “Na carta, informamos sobre os impasses da Reforma da Previdência, solicitando que a aposentadoria seja oferecida a homens e mulheres com 55 e 30 anos de contribuição, e que esta aplicação de modelo se estenda a agentes penitenciários e guardas municipais”, explica.
Segundo Eustácio, a abordagem é voltada apenas aos parlamentares, mas o movimento não terminou. “Nós vamos nos reunir para promover outros atos, visando conscientizar a população sobre a Reforma da Previdência e seu respectivo impacto”, afirma.
“A Reforma da Previdência é necessária, mas não do modo em que está sendo proposta. Caso seja aprovada, um agente com 30 anos de contribuição receberia apenas 60% do salário. Para conseguir os 100% teria que trabalhar por mais 10 anos”, conclui.
O combate ao risco de morte
Segundo o presidente do SINDPRF-BA, Fábio Serravale, a solicitação para que a idade para aposentadoria é necessária visto que os agentes correm risco de vida diariamente. “Estamos debatendo de uma forma geral [a previdência], mas em relação aos policiais temos que frisar nossa dedicação exclusiva diária, incluindo o risco de morte, desgastes físicos e mentais”.
Além da saúde em si, Serravale explica que os policiais não recebem benefícios comuns em outras profissões. “Não temos adicionais de hora extra e noturno, nem direito a greve. Esta reforma vai impor a nós uma condição de quase inexistência”, comenta.
De acordo com Serravale, uma das indagações é o risco de morte no ambiente de trabalho. “Não é justo com quem está dando sua vida em favor da sociedade. Nosso pedido não é privilégio, ele atende a necessidade do profissional”.
Entre os pontos citados por Serravale está a proposta entregue pelo presidente Jair Bolsonaro com regras de aposentadoria para militares. Bolsonaro solicita benefícios como aumentar para oito salários pagos em uma única parcela, a indenização recebida pelos militares quanto se aposentam, sendo que atualmente o pagamento é de quatro salários. Para Serravale, os agentes de segurança pública precisam de uma atenção maior. “Os militares receberiam esse benefício, mas não estão em guerra diariamente. Nós [policiais] corremos risco todo dia. O sentimento da categoria é de decepção, porque não estão se atentando aos policiais”.
Serravale também comenta a preocupação em relação a saúde mental dos agentes. “Temos visto uma crescente de policiais da PRF que estão cometendo suicídio”, lamenta.
O presidente da SINDPRF-BA conclui informando que a busca pelos direitos irá permanecer, mesmo que as solicitações não sejam atendidas. “Nós iremos lutar para que ocorra a regra da transição, na pensão. Buscamos atualmente através do Poder Legislativo, se não der certo, tentaremos pelo Judiciário e faremos movimentos contundentes e organizados como estamos fazendo este”.
O policial leva o trabalho para casa
Em entrevista ao Portal A TARDE, o presidente do SINDIPOL, José Mário Lima, explica que caso a Reforma da Previdência fosse votada hoje, a situação seria complicada: “Com isso, a expectativa de vida se torna quase um sonho. O policial não sai do serviço e deixa ação lá. Ele leva consigo e tem perigo até fora do ambiente de trabalho”.
Lima também sinaliza que os policiais não possuem benefícios encontrados em outras profissões. “Os demais trabalhadores possuem benefícios como FGTs, hora extra e demais custos, porém nós não temos”, explica.
Além dos pontos financeiros, Lima também comenta que a saúde mental passou a ser debatido bastante entre os profissionais da categoria. “O desgaste mental é um componente ruim. Nós temos visto que entre as carreiras do mundo, a nossa é uma das que possui um elevado número de suicídio”.
Segundo o presidente da SINDIPOL, ao ver situações de suicídio no ambiente de trabalho, o próprio sindicato começou a estudar o caso para ajudar os colegas que estão passando por situação de risco. “Nós temos um trabalho específico do sindicato, porque vimos uma grande quantidade e precisamos evitar que haja o fim da vida do colega. Essa não é uma atitude que devia ser nossa, mas da administração formal”, e acrescenta, “Estamos caminhando para um momento em que não sabemos como o profissional vai lidar com isso”.
Lima também comenta a respeito do desgaste físico dos agentes. “Hoje tenho 48 anos e já levei um tiro. Com 58 anos eu vou conseguir correr atrás de um menino de 21? O fôlego dele é maior que o meu”, concluiu
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