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México oferece asilo para Evo Morales e acolhe mais de 20 integrantes do governo boliviano em La Paz

A renúncia de Evo Morales à Presidência da Bolívia gera reações de políticos e governos na região, em especial de seus aliados. O governo mexicano, representado por seu chanceler Marcelo Ebrard, ofereceu asilo para o presidente demissionário e disse ter acolhido 20 integrantes do governo boliviano em sua residência oficial em La Paz.

Diversos líderes à esquerda, como o ex-presidente Lula e o presidente eleito argentino, Alberto Fernández, afirmaram que a saída de Morales trata-se de um “golpe de Estado”, algo rejeitado por figuras à direita como o chanceler Ernesto Araújo.

O presidente Jair Bolsonaro disse que denúncias de fraude nas eleições resultaram na saída de Morales.  “Denúncias de fraudes nas eleições culminaram na renúncia do Presidente Evo Morales. A lição que fica para nós é a necessidade, em nome da democracia e transparência, contagem de votos que possam ser auditados. O voto impresso é sinal de clareza para o Brasil!””, disse em sua conta no Twitter.

Luiz Inácio Lula da Silva , ex-presidente do Brasil, também recorreu ao Twitter para falar sobre a renúncia de Evo Morales . “Acabo de saber que houve um golpe de Estado na Bolívia e que o companheiro @evoespueblo foi obrigado a renunciar. É lamentável que a América Latina tenha uma elite econômica que não  saiba conviver com a democracia e com a inclusão social dos mais pobres”.

Nicolás Maduro , presidente da Venezuela, comparou a renúncia a um golpe em rede social. “Condenamos categoricamente o golpe de Estado consumado contra o presidente @evoespueblo”. Em uma entrevista por telefone para um canal estatal venezuelano, Maduro disse que “a vida do irmão Evo Morales está em perigo” porque “os fascistas são fascistas com seu racismo e seu ódio e acham que chegou a hora de acabar com a vida de Evo”.

Marcelo Ebrard , chanceler do México, disse rechaçar a “operação militar” em curso na Bolívia, comparando-a “aos trágicos fatos que ensanguentaram nossa América Latina no século passado”. Segundo o ministro de Relações Exteriores, o governo mexicano recebeu “20 integrantes do Executivo e do Legislativo boliviano em sua residência oficial em La Paz, além de estar disposto a oferecer asilo a Evo Morales.

Andrés Manuel López Obrador , presidente do México, adotou tom mais prudente que seu ministro, afirmando que seu governo anunciará “amanhã, com detalhes, a amplitude de nossa postura”. López Obrador disse ainda “reconhecer a atitude responsável” de Morales, que “preferiu renunciar a expor seu povo à violência”.

Chancelaria da Colômbia , por sua vez, pediu “uma reunião urgente” do conselho permanente da Organização dos Estados Americanos “a fim de buscar soluções para a complexa situação institucional” na Bolívia, informou a chancelaria em comunicado.

Chancelaria da Argentina fez um chamado para “preservar a paz social e o diálogo na Bolívia”, dizendo ser “imprescindível que todas as forças e dirigentes políticos bolivianos atuem neste delicado momento com responsabilidade e moderação”. O governo argentino disse ainda acreditar que novas eleições são a melhor via para superar a crise atual.

Chancelaria do Chile , em comunicado, manifestou sua “preocupação com a interrupção do processo eleitoral para eleger democraticamente o presidente e pela crise que atravessa a sociedade boliviana”. O governo chileno diz ainda esperar “uma solução pacífica e democrática, de acordo com a Constituição e com as leis” da Bolívia.

Alberto Fernández , presidente eleito da Argentina, disse que Evo Morales foi alvo de um “golpe de Estado” fruto da convocação de grupos civis violentos, da polícia e da passividade do Exército”. Ele disse ainda que “os defensores da institucionalidade democrática” repudiam a violência que “alterou o curso do processo eleitoral boliviano” e defendeu “eleições livres e informadas” no país.

Ernesto Araújo , chanceler do Brasil, disse que “não há nenhum golpe na Bolívia”, afirmando que a “tentativa de fraude eleitoral maciça deslegitimou Evo Morales, que teve a atitude correta de renunciar diante do clamor popular”. Segundo o ministro, que disse que o Brasil apoiará uma transição democrática e constitucional, a “narrativa de golpe só serve para incitar a violência”.

Filipe Martins , assessor especial da Presidência da República para Assuntos Internacionais, disse que “fraudar o processo eleitoral em uma democracia é uma agressão inaceitável à ordem constitucional”. Para Martins, “a democracia boliviana, como a de qualquer outro país, só tem a ganhar com a vigilância de seu povo”.

Eduardo Bolsonaro , deputado federal (PSL-SP) e presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, disse que a população boliviana “se revoltou com tamanha agressão à democracia” após “escancaradas fraudes”. O parlamentar afirmou ainda que “hoje Evo renunciou e novas eleições devem ocorrer em breve. Seguimos acompanhando”.

Fernando Haddad , candidato à presidência do Brasil em 2018 pelo Partido dos Trabalhadores PT, disse no Twitter que “a OEA abriu caminho para o golpe na Bolívia. Podia se manifestar sobre o que acha dos últimos acontecimentos”.

Gleise Hoffmann , deputada federal (PT-PR) e presidente do Partido dos Trabalhadores (PT), disse em rede social que “direita não combina com democracia. Outro golpe na América Latina. Tirar Evo da presidência, desconhecer o resultado da eleição e não se submeter a outra é típico da elite atrasada, violenta e submissa ao capital. Agora vão tirar os direitos do povo Boliviano. Já conhecemos esse script”.

Mais cedo,  o Grupo Puebla , que reúne líderes de esquerda da América Latina, como os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, disse apoiar o então presidente da Bolívia Evo Morales “para convocar novas eleições com a formação de um novo órgão eleitoral”. Em nota, o grupo, que se reúne neste fim de semana em Buenos Aires, disse repudiar “todos os atos de violência física, agressões e intimidações como forma de pressão política”. Os membros do grupo afirmaram apoiar o respeito “aos mandatos em andamento de todas as autoridades legalmente constituídas até a assunção dos novos governantes eleitos pelo povo boliviano, sob o novo processo eleitoral, com base no respeito integral da constituição”.

 

 

O Globo