A demissão da médica psiquiatra Raquel Melo, conhecida entre pacientes e colegas pela postura atenciosa e cuidadosa, gerou forte reação no CAPS II Franco Basaglia, localizado no bairro de Piatã, em Salvador. Após o desligamento, funcionários e usuários da unidade organizaram um abaixo-assinado com cerca de 400 assinaturas, pedindo o retorno da profissional.
Segundo Raquel, a situação teve início durante o atendimento a um paciente em quadro grave de surto psicótico, que chegou a ameaçar a médica e outros funcionários e até portar uma faca dentro do CAPS. Diante do risco, ela solicitou à Secretaria Municipal de Saúde de Salvador (SMS) a internação do paciente, mas o pedido não foi atendido.
Sem retorno da Secretaria, Raquel decidiu denunciar a omissão ao Ministério Público da Bahia (MP-BA). Pouco tempo depois, afirma ter sido demitida de forma irregular. Segundo a psiquiatra, a SMS teria pressionado a gerente do CAPS a redigir um e-mail com críticas falsas sobre seu trabalho, com o objetivo de justificar a decisão.
Em uma ligação e em conversas por mensagem, a gestora da unidade admitiu à médica que foi forçada a enviar o documento.
“Eles me pediram para eu enviar esse e-mail. Acredite”, disse a gerente.
O texto enviado à Secretaria dizia:
“Informo que a postura da médica Dra. Raquel Melo não tem se mostrado adequada ao perfil de atendimento preconizado para o CAPS. A profissional tem apresentado comportamento que estimula a equipe, durante os grupos e demais momentos de trabalho, a adotar uma postura de oposição aos pacientes em situação de surto. Além disso, tem solicitado de forma recorrente que a COAPS providencie a internação de todos os pacientes que chegam em quadro de desorganização mental, o que contraria as diretrizes da atenção psicossocial e o modelo de cuidado em liberdade adotado pela Rede de Atenção Psicossocial.”
Durante visita ao local, pacientes relataram que a médica sempre demonstrou empatia, profissionalismo e compromisso com o tratamento dos usuários, sendo considerada uma referência de cuidado e acolhimento na unidade.
A reportagem teve acesso às conversas e ao e-mail enviados à Secretaria e procurou a Secretaria Municipal de Saúde de Salvador para obter esclarecimentos, mas até o momento não recebeu resposta. O espaço segue aberto para manifestação da pasta.
Bnews



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