O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou, nesta quinta (11), do 29º Encontro Estadual do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), em Salvador (BA). O evento foi organizado para avaliar, planejar e construir coletivamente a luta em defesa da reforma agrária na Bahia.
Com o boné do MST, Lula exaltou a distribuição de renda sem precedentes ocorrida durante seus dois mandatos (2003-2010) e lamentou que o o povo brasileiro esteja perdendo a crença em seu futuro.
“O Brasil não pode sair do otimismo e esperança que estava para a desgraça que estamos hoje. Deus tinha virado brasileiro. Será que ele ‘desvirou’? Este País tem condições de ser muito melhor”
O ex-presidente defendeu, como forma de superar a crise política e econômica, a realização de eleições diretas jáem 2017. Disse também que será candidato, seja na antecipação de eleições, seja em 2018. “Vamos voltar e implementar programas sociais que retomem a auto estima do povo”.
Eu não vou dizer que eu vou voltar. Eu vou dizer que nós vamos voltar
Segundo ele, programas sociais realizados durante os governos do PT, de 2003 a 2016, como o Luz para Todos e o Bolsa Família, são uma prova de que investir na qualidade de vida e na capacidade de consumo da população mais pobre são a maneira mais justa e correta de se enfrentar uma crise econômica. “Levar luz para que uma mãe do sertão seja capaz de dar banho quente no seu filho é tão importante como garantir energia para encher a banheira de uma madame da avenida Paulista”, comparou o ex-presidente.
Falando a uma plateia de agricultores, Lula lembrou que a agricultura familiar é responsável “pela produção de 70% de tudo que se mastiga nesse país”, e que durante seu governo o crédito rural chegou às famílias produtoras tanto quanto chegava antes apenas aos grandes latifundiários.
Lula apontou para a necessidade de Diretas Já: “Temos que ter eleições diretas de novo. O [José] Serra quer ser presidente? Ótimo. O [Michel] Temer quer ser presidente? Ótimo. O [Sérgio] Moro quer ser presidente? Ótimo. Entrem em um partido político e concorram. O que não pode é querer ser presidente dando um golpe”.
O ex-presidente alertou que há uma movimentação nos bastidores para cassar o registro do PT. “Eles querem criminalizar o PT, caminham para tornar o PT um partido ilegal. Eles deveriam perseguir esses que estão entregando o pré sal”.
“A Petrobras é do povo brasileiro, não pode ser vendida como está sendo. Eles nunca aceitaram que este País fosse independente de verdade. Quem tem que definir o nosso futuro somos nós. O Brasil é um continente. Precisamos parar de ter esse complexo de vira lata”.
Lula ainda sugeriu aos parlamentares do PT que investiguem as denúncias de interferência norte-americana no Ministério Público Federal (MPF) e na Operação Lava Jato.
O líder petista se comprometeu a andar pelo Brasil em 2017 para aprofundar o contato – ainda mais – com o povo. Rebateu, também, as denúncias da Justiça que envolvem seu nome.
“Podem dizer de tudo contra mim. Eu só não admito que digam que o Lula roubou um centavo. Se não roubei quando era pequeno e tinha vontade de chupar um chiclé, não roubarei agora. Eu aprendi a andar de cabeça erguida neste País e não vou baixar a cabeça para ninguém”.
Por fim, o ex-presidente reafirmou sua intenção de volta à presidência da República. “Eu não vou dizer que eu vou voltar. Eu vou dizer que nós vamos voltar”.
Além de Lula, participaram do evento o presidente nacional do PT, Rui Falcão; o ex-governador da Bahia, Jacques Wagner; o dirigente nacional do MST, João Pedro Stédile; além de outras personalidades da vida política baiana.
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