O governo federal lançou, nesta sexta-feira (30), o programa Agora Tem Especialistas para ampliar o acesso da população a consultas, exames e cirurgias. A iniciativa, em parceria com estados e municípios, permite que o Ministério da Saúde (MS) lance mão de toda a estrutura pública e privada do país. O objetivo central é reduzir o tempo dos pacientes nas filas de espera. O presidente Lula participou da cerimônia de abertura no Palácio do Planalto, juntamente com ministros, parlamentares, governadores e prefeitos.
Em discurso, Lula não conseguiu conter a emoção ao relatar um encontro que teve no dia anterior, em Itajaí, com uma “mulher muito humilde”, segundo o petista, que disse que ainda estava doente e não sabia por quanto tempo iria viver, mas que gostaria de poder abraçá-lo. O presidente contornou sem palavras naquele momento e resgatou detalhes da época em que detectou e tratou um câncer na garganta, em 2011.
“Aí, eu deitei naquela máquina. Quando eu saí, tinha algumas pessoas chorando: eu tinha descoberto um câncer na minha garganta, muito pequeno, mas eu tinha descoberto. Dois dias depois, eu já estava no hospital internado, fazendo o tratamento. E eu fico imaginando por que todas as pessoas não têm direito a isso”, questionou Lula.
Desde os dois primeiros mandatos, o presidente já deliberava com os membros do governo uma maneira de permitir que a parte mais vulnerável do país, a grande maioria, conseguisse tratamentos de saúde de ponta, muitas vezes seguros apenas às classes privilegiadas.
Durante a campanha de 2022, Lula prometeu dar conta desse gargalo histórico e tem cobrado, insistentemente, para que se reduzam as filas de espera no Sistema Único de Saúde (SUS), como pretende o Agora Tem Especialistas. O petista chamou o novo programa do governo federal de “um sonho da minha vida”.
“Mas eu falei: ‘Nísia [Trindade], pelo amor de Deus; Padilha [Alexandre], pelo amor de Deus; Chioro [Arthur], pelo amor de Deus; todo mundo, pelo amor de Deus, é preciso a segunda consulta [com um especialista]”, afirmou o presidente, ao enumerar os ministros da Saúde que serviram à pasta durante os governos do Partido dos Trabalhadores (PT).
Expansão de serviços especializados
O Agora Tem Especialistas prevê o credenciamento de clínicas, hospitais filantrópicos e privados para atendimento de pacientes do SUS com foco em seis áreas prioritárias: oncologia, ginecologia, cardiologia, ortopedia, oftalmologia e otorrinolaringologia. A contratação será feita pelos próprios estados e municípios ou, de maneira complementar, pela AgSUS e pelo Grupo Hospitalar Conceição.
A Medida Provisória (MP) assinada por Lula nesta sexta estabelece ainda que hospitais privados e filantrópicos façam consultas, exames e cirurgias de pacientes do SUS como contrapartida para quitar dívidas junto à União. Os planos de saúde poderão ressarcir os valores ao Estado por meio de atendimento.
Uma das prioridades do programa é aproveitar a capacidade da rede pública de saúde, com a promoção de mutirões e ampliação dos turnos de atendimento em unidades federais, estaduais e municipais. O governo espera expandir em até 30% os atendimentos em policlínicas, Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), ambulatórios e salas de cirurgia em todo o Brasil.
Acesso facilitado ao especialista
No Palácio do Planalto, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, ficou encarregado de dissecar o Agora Tem Especialistas. O chefe da pasta reiterou que a redução do tempo nas filas de espera tem sido uma obsessão do presidente. A dificuldade da população em conseguir atendimento especializado, argumentou Padilha, agravou-se durante a pandemia.
“Alguns estudos apontam que, no Brasil, cerca de 370 mil óbitos aconteceram em 2023 por conta do atraso no diagnóstico. Em saúde, tempo é vida. Você não conseguiu o diagnóstico no tempo mais rápido possível, o encaminhamento mais rápido possível para aquele tratamento, pode significar o óbito dessa pessoa”, informou o ministro, que é médico. O Agora Tem Especialistas almeja reverter definitivamente esse quadro, aliando-se o programa a outras medidas já tomadas pelo governo Lula, algumas delas inseridas no Novo PAC. O credenciamento de novas clínicas terá R$ 2 bilhões por ano.
“É um conjunto de iniciativas que procura, sobretudo, gerar no nosso país uma mobilização máxima de toda a estrutura de saúde […], seja pública, seja privada, para ter um grande objetivo único: reduzir o tempo de espera para o atendimento especializado”, resumiu Padilha.
Na rede pública, o governo vai investir R$ 2,5 bilhões ao ano para ampliar o uso da estrutura, incluindo 53 hospitais federais
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