O QUE É NOTÍCIA, VOCÊ CONFERE AQUI!

Jovens baianos apostam em games para gerar renda

 

Em uma manhã de março, a balconista Adriana Neves, 42 anos, afligiu-se. Por alguns minutos, ela imaginou que o filho Matheus Neves, 15, poderia está envolvido com práticas ilícitas. “Vamos ali sacar um dinheiro, mãe”, convidou o garoto. “Que dinheiro, meu filho?”, perguntou ela, desconfiada. Matheus ocupa o tempo com duas atividades: estudo escolar e produção de vídeos sobre games. Para alívio de Adriana, o dinheiro era proveniente do canal que o jovem mantém no Youtube.

Com os recentes atrativos tecnológicos, interações e nova cultura digital, jovens têm usado plataformas online para produzir conteúdos voltados para a área de games e como alternativa para conseguirem dinheiro.

E é nesse meio que Matheus, um apaixonado por jogos, atua. No canal, que possui cerca de 84 mil inscritos, ele comenta os games, novidades do mercado e compartilha dicas. O garoto possui parcerias com outros youtubers, empresa de celular e lojas de diferentes ramos. O valor arrecadado ainda não é o que ele almeja. Ganha cerca de R$ 300 mensalmente.

Morador da Boca do Rio, o youtuber não possui computador e toda a produção dos vídeos é feita pelo celular. Em uma área da casa onde futuramente será o quarto dele, Matheus leva entre três e quatro horas para gravar e editar os conteúdos que publica. Com o auxílio de fones de ouvido, esponja e outros recursos, ele tenta captar o melhor áudio possível para os vídeos.

Quando viu o filho começar a produzir vídeos há dois anos, Adriana admite que ficou com receio da movimentação de Matheus na internet, mas acreditava que era melhor ter o filho em casa, por perto, do que na rua.

“O meu filho é uma pessoa muito esforçada. Mas eu já disse que é para ele não parar de estudar. E ele não vai parar. Ele gosta de gravar os vídeos e estou sempre acompanhando o que ele faz”, diz Adriana.

Para o futuro, o jovem quer conquistar mais seguidores, visualizações e, consequentemente, uma quantia monetária maior do que a de atualmente. Além dos objetivos a médio prazo, ele também almeja fazer faculdade na área de produção audiovisual e de games.

“Por agora, quero investir na qualidade dos vídeos. Comprar um microfone, trazer novos conteúdos e novas propostas para o público que me acompanha. E continuar os meus estudos”, lista Matheus.

Com a mesma imersão no mundo dos jogos, mas com foco voltado para produção de games, especialmente para dispositivo móvel, Dário Silva, 18, explica que o contato com os jogos aconteceu cedo, tendo o pai como inspiração.

Dário também possui canal no youtube, onde produz vídeos, mas não com frequência. Ele destaca que o foco é a produção de jogos, mas que em breve será mais ativo no youtube, na tentativa de conseguir dinheiro extra.

Atualmente, o garoto auxilia o pai nas aulas de games do Centro Juvenil do Colégio Central, na Avenida Joana Angélica. Ele está com três projetos de jogos. No entanto, a produção está lenta, pois Dário está sem computador em casa, na Fazenda Grande do Retiro.

O mais recente jogo do jovem é sobre a saga de um mago que entra em castelos para conseguir joias. Durante o percurso, enfrenta diversos obstáculos. A principal característica dos jogos produzidos por Dário é que eles são constituídos de pixels visíveis, tendo como base o Pixel Art, na tentativa de trazer uma abordagem retrô ao conteúdo.

“Para mim, a arte em pixel é interessante, pois revela muita coisa do jogo com pouca informação. O jogo é uma arte. Percebo que muitos jovens têm produzido conteúdo relacionado a jogos”, comenta.

Com o aumento da produção e repercussão, surgem os riscos. Foi o caso de Matheus, que teve a conta do canal no youtube invadida em março. Ele acionou a polícia civil, mas já teve a conta recuperada em contato com o youtube.

“Quando minha conta foi invadida eu tinha cerca de 77 mil inscritos. Entraram em contato comigo, via e-mail, em nome de um patrocinador, oferecendo propostas de parceria. A pessoa acabou por ter acesso à minha conta, para divulgar anúncios, mas o que fez foi me remover da conta. Agora, fico mais atento às propostas que surgem”, afirma Matheus.

 

 

 

A Tarde