Lewis Hamilton, da Mercedes, deu em Austin, neste sábado, mais um passo para conquistar o quarto título da brilhante carreira ao estabelecer a pole position do GP dos Estados Unidos, 72ª da carreira, 11ª na temporada. O piloto inglês era a calma em pessoa no Circuito das Américas. Provavelmente em razão de saber que o mesmo ritmo evidenciado em todos os treinos, sempre o mais veloz, poderá se manter ao longo das 56 voltas da corrida, neste domingo.
O GloboEsporte.com perguntou a Hamilton se não teme o que ocorreu na Malásia, quando, apesar de ser o mais rápido na definição do grid, no domingo não acompanhou o ritmo de Max Verstappen, da RBR, vencedor em Sepang. No caso do evento em Austin a ameaça seria mais séria, do adversário na luta pelo título, Sebastian Vettel, da Ferrari, segundo no grid.
“Quando o carro se mostra tão equilibrado como o nosso aqui desde o primeiro dia, normalmente no domingo não muda”, respondeu, confiante. Das sete últimas etapas Hamilton ganhou cinco. Ele tem o primeiro match point do ano. Para ser campeão precisa vencer e torcer para Vettel ser no máximo sexto ou ainda chegar em segundo e Vettel no máximo em nono.
Vettel estava do seu lado. Ouviu Hamilton dizer que pode seguir dando as cartas na 17ª etapa do campeonato. O alemão ficou a apenas 239 milésimos do piloto da Mercedes, tendo treinado bem pouco na sexta-feira à tarde, por causa de ter errado e a Ferrari precisar trabalhar no seu SF70H.
A alemão comentou: “Terminei mais perto do que esperava. Estamos com um carro rápido”. Em condição de corrida a Ferrari quase sempre se mostra mais competitiva. Assim, não há indícios de que apesar de Hamilton ter sido primeiro em todas as sessões, poderá impor velocidade não possível de Vettel acompanhá-lo, para o bem do GP.
Sobre o campeonato
O GloboEsporte.com perguntou a ambos se não pensam na disputa do título, pois a coletiva da FIA estava por acabar e até então o tema não havia sido sequer mencionado. Parecia que nada estava acontecendo. Que eles dizem encarar a prova como outra qualquer tudo bem, mas esquecer por completo que a F1 pode conhecer seu campeão domingo, assim também não.
Hamilton disse: “É como um jogo de xadrez. Obviamente há um xeque, agora, mas o caminho ainda é longo.” O xeque é o imposto por ele a Vettel pelos 59 pontos de vantagem na classificação, 306 a 247, restando com a corrida deste domingo quatro para o encerramento do campeonato.
Hamilton, ainda: “Há 100 pontos em jogo (25 de cada vitória). Sebastian e seu time vão dar tudo, como nós também. Quem pode prever? Eu não vou apenas me defender, quero vencer essas corridas”.
Sebastian respondeu: “É simples, nós temos de vencer e depois ver o que acontece. Obviamente não estamos na posição que gostaríamos, mas ainda temos chances e vamos tentar. Tínhamos carro para vencer as últimas três etapas e não vencemos, portanto não vejo motivo para não podermos vencer as quatro restantes, a começar pela de amanhã”.
Ferrari explora melhor os ultramacios
Vettel lembrou que o seu SF70H explora muito bem os pneus e a Ferrari já conhece bem seu comportamento nas corridas. Era provavelmente um lembrete a Hamilton. O modelo W08 Hybrid da Mercedes não tem histórico de eficiência no aproveitamento dos pneus ultramacios como o SF70H da Ferrari, o que mais será usado nas 56 voltas do GP dos Estados Unidos. A Pirelli distribuiu também os pneus supermacios e os macios.
As condições do clima mudaram durante a madrugada. Mas a meteorologia prevê temperatura mais elevada neste domingo que nos dois dias de atividade no Circuito das Américas. A Ferrari está apostando nisso para Vettel poder vencer e estender a definição do título. Restarão depois as etapas do México, dia 29, Brasil, 12 de novembro, e Abu Dhabi, 26.
A classificação e os treinos livres mostraram ser pouco provável vermos Valtteri Bottas, companheiro de Hamilton, terceiro no grid, e Kimi Raikkonen, de Vettel, quinto, lutarem com ambos pela vitória, bem como, desta vez, os pilotos da RBR, Daniel Ricciardo, quarto, e Max Vertappen, provavelmente 18º no grid, punido com a troca de componentes da unidade motriz Renault.
Assim, a disputa pela vitória em Austin, em condições normais, deverá reunir apenas Hamilton e Vettel, valendo também pela definição ou extensão da luta pelo título. É provável que tanto Hamilton quanto Vettel levem muito em conta o instante de ambos na classificação antes de decidir por esta ou aquela manobra.
Vettel tem mais a perder
Por exemplo, na largada. Hamilton sabe que Vettel tem muito mais a perder. Portanto, se for ultrapassado na reta e puder disputar a freada da curva 1, é bem possível que o inglês não hesitará. No caso de toque entre ambos o alemão da Ferrari terá muito mais a perder.
Com ele fora da prova o segundo lugar já dá o título a Hamilton, pois somaria 18 aos 306 atingindo 324, enquanto Vettel ficaria com os mesmos 247. A diferença entre ambos subiria dos atuais 59 pontos para 77 e haveria em jogo 75 pontos das três corridas finais. É o tal “xadrez” mencionado por Hamilton.
Se a Mercedes de Hamilton e a Ferrari de Vettel apresentarem desempenho semelhante neste domingo, como o retrospecto da temporada sugere, reforçada pelo bom treino do alemão neste sábado, a estratégia de corrida deverá ser determinante para apontar o vencedor.
Nas simulações da Pirelli, se ambos tiverem baixa degradação nos pneus ultramacios presente em seus carros na largada, Hamilton e Vettel poderiam se manter no espetacular traçado de 5.513 metros, 20 curvas, até a 21ª volta, realizar a parada e seguir com supermacios por mais 35 voltas. As duas sequências de “esses” em declive, de alta velocidade, submetem os pneus a grandes esforços.
Com a esperada elevação da temperatura, deverá ser um desafio para os dois pilotos disputar o GP com um único pit stop. Vettel comentou o fato em outra entrevista, assim como que uma mensagem a Hamilton. O modelo SF70H é quem melhor trabalha os pneus.
No caso de o consumo dos pneus ser elevado, a estratégia mais viável seria permanecer com os ultramacios até a 18ª volta, parar, colocar outro jogo de ultramacios para, na 36ª volta, fazer a segunda parada e deixar os boxes com os supermacios.
Se Vettel vencer e Hamilton terminar em segundo, resultado bem dentro do possível, o inglês iria a 324 pontos (os atuais 306 mais 18) e Vettel, 272 (247+25). A diferença entre ambos cairia de 59 para 52 pontos. Na corrida do México, dentro de uma semana, Vettel teria de somar três pontos a mais de Hamilton para estender a luta pelo título até a corrida de Interlagos, porque depois do evento no Circuito Hermanos Rodriguez haveria em jogo somente os 50 pontos do GP do Brasil e de Abu Dhabi.
A largada no Circuito das Américas, neste domingo, será às 17 horas, horário de Brasília.
Globo Esporte
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