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Fundada em 1900, conheça mais sobre a estação de trem de Candeias !

 

A estação de Candeias foi aberta em 1900, então como ponta de linha, no que viria a ser o ramal de Água Comprida(hoje Simões Filho)-Buranhem (*Nota do autor: O Guia Geralde 1960 afirma que a estação foi aberta em 26.05.1907, dois anos depois da linha Água Comprida-Buranhém), pela então E. F. Centro Oeste da Bahia. Em 1908, o ramal teria sido completado até Buranhém, depois de modificações no traçado original do plano. A partir de 1948, passou a fazer parte da linha Sul, com a união das estações de Santo Amaro, Afligidos eConceição da Feira. Já houve tempos em que o trem de subúrbios chegava a Candeias, o que parece ter ocorrido até os anos 1980. Pelo menos

desde 1960 e até 1978 existiu um trem diário de subúrbios unindo Salvador e Candeias. Em março de 1970 foram desativados os 34 km entre CandeiasSanto Amaro. Em fevereiro de 1972 foi a vez do trecho norte, com a desativação do trecho de 122 km entre MapeleAlagoinhas, restando portando os 44 km de eletrificação entre Salvador e Candeias. No mesmo ano o serviço de subúrbios foi restrito a Mapele, a 22 km de Salvador; alguns anos mais tarde o trajeto servido recuou até Aratu, a 19 km de Salvador. Isto significaria que os últimos trens de subúrbio para Candeias eram tracionados por locomotivas diesel-elétricas? A estação de Candeias ainda é operacional para a FCA, atual concessionária da linha. Seu pátio, próximo ao centro da cidade do mesmo nome, fica num local escondido, pois o acesso a ele se faz por uma ladeira que encontra a estação ao lado de uma rua bem mais alta que ela. Isso isola a estação da cidade, embora uma passagem de nível no centro seja ainda um problema para quem ali vive. O prédio da estação é bem antigo, talvez a original de 1900, construído pela Centro-Oeste da Bahia.

Atualmente o Governo do Estado faz uma discussão de um projeto para interligar a Região Metropolitana com uma malha ferroviária para o transporte de passageiros, que terá aproximadamente 140 quilômetros de extensão, com a integração entre o metrô (linhas 1 e 2), o trem do subúrbio (futuro Veículo Leve sobre Trilhos – VLT) e o trem metropolitano, o qual atravessa os municípios de Simões Filho, Dias D´Ávila, Candeias e Camaçari

Curiosidade:

O percurso entre Santo Amaro da Purificação e Salvador, hoje feito por automóvel em 45 minutos, era antigamente feito somente através de navio ou da maria-fumaça da Estrada de Ferro Leste Brasileiro e levava horas para ser cumprido. Mais tarde, com a instalação da locomotiva movida a óleo diesel – chamada MOTRIZ -, o tempo necessário para correr-se esse percurso foi reduzido e possibilitou ida-e-volta num mesmo dia: o trem passou a sair de manhã cedinho e voltar no fim da tarde. O nome da locomotiva estendeu-se aos vagões, acabando por se chamar toda a composição de “O (trem) MOTRIZ”. Maria Bethânia, na infância, era fascinada por esses vaivéns no MOTRIZ. Usando a idéia de uma dessas viagens como espinha dorsal da canção, Caetano Veloso salpica reminiscências de cenas do cotidiano daqueles tempos: a casa, o estreito relacionamento mãe/filha, o mormaço do Recôncavo, etc. vão passando pela canção, como imagens na janela do trem. Todas as recordações vão-se entrelaçando com a lembrança da viagem em si. Quando o MOTRIZ faz a parada na cidade de Candeias – a principal estação do trajeto, bem no meio do caminho (e no meio da canção), onde Bethânia saltava sempre para comprar guloseimas – há um salto também do sonho para a realidade. Há uma reflexão sobre sua própria vida (agora também no meio do caminho, como a estação de Candeias) mas a viagem prossegue: mãe e filha contemplam a igreja de N. S. da Penha, em Itapajipe, onde Maria Bethânia foi batizada. É Salvador! (Do disco Ciclo, de Maria Bethânia, 1983).

 

 

(Fontes: Ralph M. Giesbrecht, pesquisa local; Coaraci Camargo; Revista Ferroviária, 08/1965; A. A. Gorni: A Eletrificação nas Ferrovias Brasileiras, 2004; Guia Geral das Estradas de Ferro do Brasil, 1960; Guias Levi, 1932-84; Mapa – acervo R. M. Giesbrecht)