MILÃO E PARIS — A Fiat Chrysler (FCA), de capital ítalo-americano, apresentou nesta segunda-feira uma proposta de fusão com a francesa Renault , o que criaria a terceira maior montadora do mundo, um anúncio celebrado pelos investidores e o governo francês. Juntas, elas têm um valor de mercado combinado de cerca de US$ 39 bilhões, o equivalente a cerca de € 35 bilhões.
De acordo com a proposta da Fiat para a Renault, o novo grupo pertenceria em 50% aos acionistas da empresa ítalo-americana e em 50% aos acionistas da montadora francesa. As ações teriam cotações nas Bolsas de Nova York e Milão, explica a Fiat Chrysler em um comunicado.
De acordo com as linhas gerais do plano, a holding Exor NV, maior empresa de capital de risco da família Agnelli, fundadora da Fiat, teria a maior participação da nova empresa. O presidente da Fiat, John Elkann, provavelmente permanecerá no cargo, enquanto o presidente da Renault, Jean-Dominique Senard, será o diretor executivo, segundo fontes a par do assunto que não quiseram ser identificadas.
O conselho de administração da Renault se reunirá nesta segunda-feira para examinar a proposta de fusão, informou a montadora francesa em um comunicado publicado pouco depois do anúncio da proposta. Uma fonte próxima às negociações afirmou que não se espera uma decisão nesta segunda-feira, o que deve “demorar dias, até semanas”.
No início deste ano, durante o Salão de Automóveis de Detroit, Volks e Ford anunciaram uma aliança global com o objetivo de cortar custos. A parceria começa em 2022, com foco na venda de picapes e vans e poderá ser estendida a carros elétricos e autônomos.
As negociações entre as duas montadoras estão avançando sem a participação da Nissan, que têm uma parceira de 20 anos com a Renault, e da Mitsubishi, o outro integrante da aliança. A Fiat condicionou as negociações de fusão à garantia de que a Renault não realizaria uma transação com a Nissan no curto prazo, de acordo com fontes familiarizadas com o assunto.
A Fiat Chrysler destacou que a fusão criaria o terceiro maior grupo automobilístico do mundo, com vendas anuais de 8,7 milhões de veículos e “uma forte presença em regiões e segmentos chave”. As ações dos dois grupos operavam em alta após o anúncio. O título da Fiat chegou a registrar avanço de 18% na Bolsa de Milão, antes de recuar para 14,30%, a € 13,094. Os papeis da Renault na Bolsa de Paris registravam alta de 13,65%, a € 56,81.
França diz sim
O governo da França — dono de 15% da Renault e peça importante nas discussões— é favorável à aliança, mas, segundo afirmou Sibeth Ndiaye, porta-voz do governo francês, “é necessário que as condições da fusão sejam favoráveis ao desenvolvimento econômico da Renault e evidentemente aos funcionários da montadora”.
A FCA calcula que a fusão geraria sinergias anuais superiores a € 5 bilhões, que seriam adicionadas às já existentes no âmbito da aliança Renault-Nissan-Mitsubishi. De acordo com uma fonte que acompanha o processo, o anúncio seria o resultado de “negociações iniciadas comCarlos Ghosn “, o ex-presidente da montadora francesa, investigado no Japão por supostas fraudes financeiras. Um acordo entre as duas montadoras não impede a consolidação da aliança entre a Renault e a japonesa Nissan, segundo uma fonte.
Ghosn foi detido no dia 19 de novembro, em Tóquio, o que provocou uma crise entre a Renault e a sócia japonesa Nissan, que estava por trás das revelações que desencadearam a investigação. Pagou 1 bilhão de ienes (US$ 9 milhões) para sair da prisão no dia 6 de março, sendo mantido em prisão domiciliar na capital japonesa. No entanto, um mês depois foi alvo de novas denúncias por parte da promotoria e voltou a ser preso . Ghosnestava de pijamas ao ser detido . Passaporte e celular de sua mulher foram confiscados.
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