Seja em carrara, encarnado ou escarrado, a mensagem permanece a mesma: um é a cara do outro, tamanha semelhança. Ocorre que a expressão latina “Mea Culpa” transmutou de tal maneira que alguns incautos utilizam-na não enquanto admissão de um erro cometido, mas como uma forma de transferir parcela da responsabilidade. “Mea”, pois, acaba por virar “meia” culpa.
Este parece ser o caso de Bruno Reis, prefeito de Salvador.
Ao anunciar mais um aumento do preço da passagem de ônibus na capital, o prefeito busca sempre dividir a má notícia, compartilhar o efeito negativo que isso terá no humor e no bolso do trabalhador soteropolitano ou, pior ainda, Bruno busca incansavelmente jogar a autoria da elevação da tarifa para o colo ora do governo estadual, ora para o federal, quando não dos dois.
A verdade é que a gente está há 11 anos sob o manto da gigantesca elevação do custo de vida em Salvador, com a indústria da multa de trânsito, a máquina de arrecadar tributos através do mais injusto IPTU do país e um sistema de transporte público retrógrado, baseado em pneu, que além de ambientalmente danoso, é financeiramente insustentável, penaliza o poder de compra do trabalhador comum e é inacessível aos pobres e extremamente pobres. Toda essa realidade é resultado do projeto de cidade de Bruno Reis. Foram opções políticas implementadas que tornaram Salvador umas das cidades mais caras do Brasil. E na hora de colher os frutos que geram mais desigualdade, mais exclusão e mais arrocho, o prefeito quer passar a batata quente.
Não, Bruno, não foi Lula quem aumentou o buzu de Salvador. Foi o seu presidente Bolsonaro que na boca da eleição, em junho do ano passado, implementou a redução do teto do ICMS e todos os Estados da Federação perderam arrecadação com a medida eleitoreira e irresponsável.
Não, Bruno, não é Jerônimo que está se vendo obrigado a recompor a alíquota do ICMS, são 13 governadores amparados em um estudo do Comsefaz (Comitê Nacional de Secretários de Fazenda dos Estados e do Distrito Federal). Estudo esse que foi individualizado por Unidade da Federação. Pernambuco, Piauí, Rondônia e Sergipe, por exemplo, terão cobrança mais altas do que a Bahia.
Portanto, é tempo de Salvador ter um gestor que assuma a dor e a delícia de ser prefeito. E pare de fugir das consequências pelos seus atos e ações. Como muito bem disse nosso companheiro Robinson Almeida, pré-candidato do PT em Salvador, “a cidade não tem creche, mas a culpa não é dele. Tem a pior cobertura da atenção básica de saúde. Não é com ele. Campeã do desemprego. Ele não sabe. Ele reajusta a tarifa de ônibus. Mas a culpa não é dele”.
Esculpido ou cuspido, Bruno é igual ao seu antecessor, e juntos elevaram de 400 para mais de 800 milhões de reais a receita com o IPTU da capital, após sucessivas altas do tributo.
Chega, né? Está na hora de mudar Salvador.
Éden Valadares, 41, é presidente do Partido dos Trabalhadores da Bahia.



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