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“Desastre dentro do desastre”, diz MetSul sobre chuvas em Porto Alegre

Os meteorologistas emitiram também um alerta sobre possível desregulamento da régua que mede a profundeza do Guaíba

O site MetSul Meteorologia alertou na tarde desta quinta-feira (23/5) sobre possível “colapso” em Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, devido ao retorno de fortes chuvas nesta madrugada. Além disso, eles acreditam que a régua do governo estadual e federal para medir o Guaíba não está correta.

Sobre o alto volume de chuvas, eles enumeram os pontos críticos na capital gaúcha que podem levar a cenário preocupante. “Um, o Guaíba segue acima do nível de transbordamento com marcas ao redor de 3,20 m na régua da TideSat no Cais do Centro. Dois, com a cheia, a rede de macrodrenagem está tomada de água em bairros perto do Guaíba e ainda com muito lixo, sendo incapaz de absorver a água da chuva e refluindo o Guaíba em alguns pontos. Há ainda casas de bombas sem funcionar ou com limitações. Terceiro, a chuva em apenas 12 horas atinge volume equivalente à média de todo o mês com mais de 100 mm (cem litros de água por metro quadrado)”, diz texto.

“O somatório de fatores forma um desastre dentro do desastre. E amanhã ainda haverá chuva, menos volumosa do que hoje, mas com alta do Guaíba pelo forte vento Sul. Em alguns bairros da cidade que já tinham secado, a água volta a subir, como Meninos Deus, Praia de Belas e na Cidade Baixa. Os acumulados de chuva nas estações do Instituto Nacional de Meteorologia, até o começo da tarde desta quinta-feira, eram de 104 mm em Belém Novo e 80 mm no Jardim Botânico. Na estação da Tidesat, que apresenta números perto da realidade do que observa no Cais Central da Mauá, local de referência para cheias em Porto Alegre, indicava 3,21 metros no começo da tarde de hoje”, acrescenta a nota meteorológica.

Régua do Guaíba com problemas

O MetSul também afirma que o nível do Guaíba está abaixo do que está sendo informado pela Prefeitura Municipal de Porto Alegre.

“O nível do Guaíba está abaixo dos valores informados pela régua eletrônica emergencialmente instalada pelas autoridades (após danos na régua do cais C6) para a leitura dos níveis e cujos dados têm sido usados por nós, pela imprensa e vários órgãos oficiais”, inicia o texto.

“Desde segunda-feira, quando a Prefeitura de Porto Alegre abriu comportas e o nível informado pela régua estava em 4,20 metros, naquela tarde passamos a ter dúvidas sobre os dados, uma vez que água saía e não entrava pelo muro, mesmo com cota mais de um metro acima do nível de inundação. Hoje cedo, com o recuo das águas, foi possível ter acesso ao pórtico central do Cais Mauá”, explicam os meteorologistas.

“O nível do piso do cais é de 3,00 metros naquele ponto a cota de transbordamento, e existe um degrau com cerca de 20 cm a 30 cm. A água não alcançava o topo do degrau e atingia apenas a altura da canela das pessoas caminhando no local. Ou seja, pelas imagens é evidente que o nível não está perto de 4 metros, como indicado pela régua eletrônica nesta manhã”, acrescentam.

Eles ainda advertem que “deixaremos de considerar a cota de 5,35 metros como o máximo desta cheia, preferindo aguardar estudos técnicos posteriores sobre qual foi o real e exato pico da cheia de maio de 2024”.