BRASÍLIA — Deputados do PSOL disseram nesta terça-feira que o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, tem o dever de incluir na investigação sobre o assassinato de Marielle Franco o nome do presidente da República, Jair Bolsonaro. A bancada do partido está solititando uma audiência com Toffoli para tratar do assunto.
Na noite desta terça-feira, o Jornal Nacional, da TV Globo, teve acesso a registros da portaria do Condomínio Vivendas da Barra, onde mora o principal suspeito de matar a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes, Ronnie Lessa. O condomínio é o mesmo onde o Jair Bolsonaro tem casa. O porteiro contou à polícia que, horas antes do assassinato, em 14 de março de 2018, o outro suspeito do crime, Élcio de Queiroz, entrou no condomínio e disse que iria para a casa de Bolsonaro. Mas os registros de presença da Câmara dos Deputados mostram que Bolsonaro estava em Brasília no dia.
— Vamos exigir ao (Dias) Toffoli que não bloqueie a investigação. As investigações chegaram a um indício que existe. (Um dos suspeitos) vai na casa, foi uma hora antes da morte da Marielle. Então é preciso investigar. Ninguém que tem cargo público está acima de qualquer investigação, nem o presidente. O presidente deveria ser o primeiro a dizer que precisa ser investigado. O presidente deveria dar o exemplo. Não o fez ainda, então estamos aqui pedindo — disse Marcelo Freixo.
O deputado, que chegou a trabalhar no mesmo gabinete que Marielle, disse ainda é preciso esclarecer as declarações do porteiro. O funcionário do condomínio contou que, depois que Élcio se identificou na portaria e disse que iria pra casa 58, ligou para a casa 58 para confirmar se o visitante tinha autorização para entrar. Disse também que identificou a voz de quem atendeu como sendo a do “seu Jair” – ele confirmou isso nos dois depoimentos.
— Os dados são muito fortes. Não tenho dúvida de que o Bolsonaro não estava lá. Não sei se o Carlos não estava. Alguém estava. A gente não pode dizer neste momento que alguém é culpado, mas também não pode dizer que não tem que ter investigação. O que se pede ao STF é que se permita a investigação. Até porque a investigação pode inocentar ou não. Mas tem que investigar — acrescentou Freixo.
O líder do PSOL, Ivan Valente, também falou sobre o mesmo ponto.
— O porteiro, um simples cidadão, não ia inventar uma história como o advogado (de Bolsonaro) está falando. Alguém na casa do Bolsonaro respondeu que era o Bolsonaro. Precisa ver quem era. Tinha alguém na casa do Bolsonaro que falou. Então o porteiro não inventou a placa do carro, o carro entrou, há um registro de câmeras. Tudo isso vai vir à tona. Não dá para fazer acusação formal, tem esse registro do Bolsonaro em Brasília, mas pode ser que uma pessoa em seu nome (tenha atendido).
O presidente do PSOL, Juliano Medeiros, divulgou ainda uma nota oficial sobre o caso relatado na reportagem do Jornal Nacional, considerado”grave” pelo partido.
Despropósito, diz líder do PSL no Senado
Para o senador Major Olímpio (SP), líder do PSL no Senado, a vinculação do crime ao presidente é um “despropósito”, mas cabe à investigação esclarecer o depoimento do porteiro.
— Acho um total despropósito qualquer vinculação. Mas, de qualquer forma, do que eu li aqui agora, era um dia que ele esteve na Câmara. Acho que não tem a menor liga de uma coisa com a outra, mas é fácil de constatar com áudios, com registros — afirmou.
— Quem deve ficar muito aborrecido com isso logicamente é o próprio presidente, porque é um caso de repercussão mundial, que já tem autores identificados. A investigação deve buscar a verdade real.
O Globo
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