A gradual melhora dos indicadores econômicos em 2018 não foi suficiente para reduzir a extrema pobreza no país. Segundo dados da pesquisa Síntese de Indicadores Sociais , divulgada nesta quarta-feira pelo IBGE , no último ano, 13,5 milhões de brasileiros viviam com menos de R$ 145 por mês. O número é o maior da série histórica, iniciada em 2012.
Entre 2017 e 2018, foram 200 mil a mais, apontando que a retomada do crescimento econômico não interrompeu o aumento da miséria. Em percentual da população, são 6,5% dos brasileiros nesta situação – em 2014, eram 4,5%.
A pesquisa do IBGE também mostrou uma estagnação nos indicadores de educação. No Brasil, metade da população adulta, entre 25 e 64 anos , não completou o ensino médio. E 23% dos jovens não estudam nem trabalham. Além disso, nas moradias brasileiras, a cobertura de saneamento básico não avançou .
Entre as famílias miseráveis do Brasil, o rendimento médio em 2018 foi de R$ 69 por mês. O valor é bem abaixo do padrão definido pelo Banco Mundial para estabelecer o recorte de pobreza. Pelos critérios da instituição, são considerados extremamente pobres aqueles que vivem com até com até US$ 1,90 por dia — o equivalente a cerca de R$ 145 por mês.
O número de pobres, que vivem com menos de US$ 5,50 por dia, pelos critérios do Banco Mundial, diminuiu em 1 milhão de brasileiros. Porém, as famílias em situação de pobreza ficaram mais pobres e, por isso, o número de miseráveis aumentou.
O Maranhão é o estado com maior número de pessoas com rendimento abaixo da linha da extrema pobreza (19%). Santa Catarina, por sua vez, é a unidade da federação com menos pessoas nessa situação (1,4%).
Segundo Leonardo Queiroz Athias, analista da Coordenação de População e Indicadores Sociais do IBGE, a inserção no mercado de trabalho registrada em 2018 não foi suficiente para superar a pobreza dessa parcela da população.
Segundo a pesquisa, 13,6% dos brasileiros em situação miserável possuíam alguma ocupação em 2018. Athias ressalta, no entanto, que muitos desses vínculos eram informais, com remunerações baixas. Em 2018, dois em cada cinco trabalhadores estavam nessas condições.
— (A linha de pobreza) são pessoas que não estão sujeitas a entrar no mercado de trabalho, são pessoas que estão mais fora (do mercado). A melhora no mercado de trabalho não atingiu esse pessoal, atingiu um pessoal que estava em uma linha mais alta de renda — explica Athias.
Segundo projeções feitas pelo IBGE, para colocar essas pessoas em extrema vulnerabilidade dentro da faixa de pobreza, seria necessário um investimento adicional de R$ 1 bilhão mensalmente ou de R$ 76 por pessoa por mês.
O Globo
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