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Começa julgamento do caso Lucas Terra

Primeira etapa de julgamento consiste no sorteio de sete jurados, em grupo de 25 candidatos

Começou o júri popular que irá julgar os bispos Fernando Aparecido da Silva e Joel Miranda, acusados de assassinar o adolescente Lucas Terra em 21 de março de 2001. A sessão ocorre 22 anos após o crime, nesta terça-feira, 25.

 

Na primeira fase do julgamento, 25 pessoas serão candidatas ao júri, que ao final, contará com apenas sete. A seleção também passa pela defesa dos acusados que poderão rejeitar candidatos. Além disso, cada réu poderá levar cinco testemunhas. Cinco advogados defendem os bispos.

Ao final dos depoimentos, os jurados podem tirar dúvidas, com perguntas e respostas simples, de sim ou não. Todo o trâmite pode durar quatro dias.

Uma das cinco testemunhas de acusação, a mãe de Lucas, Marion Terra, reafirmou a expectativa por uma condenação máxima da justiça baiana.

“O que eu quero de fato é que a sociedade baiana cumpra o papel dela. É que esses pedófilos e assassinos sejam julgados e condenados pelo júri popular. É isso que eu espero da sociedade baiana. Como mãe do Lucas, foram 22 anos andando na contramão da justiça, como se os culpados fôssemos nós, eles viveram livremente com suas famílias. tiveram suas festas, seu Natal, seu Ano-Novo, juntamente com os filhos e eu não pude abraçar meu filho, porque eles que eles violentaram meu filho e queimaram meu filho, ainda com vida, então, o que eu espero de fato, é a pena máxima, que eles saiam daqui julgados e condenados pela sociedade baiana”, declarou ela emocionada.

Advogado da família Terra desde 2019, quando o ficou parado, Gilberto Batista explica que Joel e Fernando são julgados pelos crimes de homicídio e ocultação de cadáver. Apesar de Lucas Terra também ter sido estuprado aos 14 anos, os bispos não estão respondendo pelo crime de pedofilia.

“Eles estão respondendo por esses dois crimes [homicídio e ocultação], até porque, tecnicamente, pedofilia no Brasil não, não é crime, não existe uma tipificação específica para pedofilia e gera muito essa esse debate, mas dentro do código penal não existe uma tipificação específica para para pedofilia. É o que chamamos de, é uma parafilia, isso aí entra dentro do campo da psicologia, mas eles estão respondendo pelo homicídio e pela ocultação do cadáver”, diz ele.

Gilberto protestou ainda contra a demora do julgamento, que levou mais de duas décadas para começar. “Costumamos dizer que, quando um processo demora tanto tempo, quem acaba ficando no banco dos réus é a família, que não tem uma resposta da justiça […] São 22 anos de espera, na prática, 22 anos de injustiça praticada pelo tribunal de justiça, ao demorar a julgar esse processo. A expectativa é que, ao final desse dia, pelo menos aí esses sete jurados que vão ser escolhidos possam, pelo menos, minimizar o sofrimento da família. Com 22 anos de espera. Quem fica aí realmente condenado por tudo isso é a família em um processo tão longo”, conclui.

Filmagem do júri

Na véspera do julgamento, a família de Lucas perdeu uma importante batalha. O desembargador Mario Alberto Hirs, da Segunda Câmara Criminal do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), indeferiu o mandado de segurança que solicitava a gravação do júri.

“Em que pese as argumentações do impetrante, verifica-se, conforme decisão da autoridade coatora, que a gravação da sessão de julgamento será realizada pelo próprio juízo, contendo áudio e vídeo dos depoimentos, com a câmera devidamente posicionada para a captação da essência dos acontecimentos da audiência, visando a preservação das partes, testemunhas e jurados, bem como garante que as partes terão acesso ao conteúdo gerado no procedimento”, diz texto da decisão.

O irmão mais velho de Lucas, Carlos Terra, se disse decepcionado e indignado com a decisão. Para a família, falta a garantia de que tudo o que acontecer durante o júri será realmente captado pelas gravações do tribunal.

“O problema é que a gente não tem segurança. O que que vai gravar? Qual o trecho do julgamento vai ser gravado. O que vai estar disponibilizado posteriormente? Mais uma vez uma derrota para a gente assim no sentido de que todas as decisões acabam sendo sempre deixando a gente com aquela sensação de favorecimento aos réus. Porque a gente queria ter o registro do que vai acontecer”, lamenta.

 

 

 

 

A Tarde