Nos sete primeiros meses de 2018, a Central de Atendimento à Mulher em Situação de Violência (Ligue 180) recebeu 79.661 denúncias com relatos de abuso sexual, homicídio, cárcere privado e outros tipos de violência.
Os números mostram que, neste ano, foi registrado em média um caso a cada 3 minutos e 50 segundos (veja tabela abaixo).
Casos de violência contra a mulher
Crimes | Nº de casos |
Violência física | 37.396 |
Violência psicológica | 26.527 |
Violência sexual | 6.471 |
Violência moral | 3.710 |
Cárcere privado | 2.828 |
Violência patrimonial | 1.580 |
Homicídio | 994 |
Tráfico de pessoas | 109 |
Violência obstétrica | 43 |
Esporte sem assédio | 3 |
Os casos mais comuns são os de violência física e psicológica – eles correspondem, respectivamente, a 46,9% e a 33,3% dos casos denunciados por meio do telefone 180.
A Lei Maria da Penha, que torna crime a violência doméstica contra a mulher, completa 12 anos nesta terça-feira (7). As polícias do Rio de Janeiro e de Minas Gerais realizaram operações que prenderam mais de 100 supeitos de violência doméstica e sexual dentro da lei, e também acusados de feminicídio.
Um dos suspeitos presos em Minas chegou a ameaçar a mulher durante a ação policial, dizendo que agora iria matá-la.
Para a chefe da Delegacia de Atendimento à Mulher do Distrito Federal (Deam), Sandra Melo, o número de casos só vai deixar de assustar quando houver novas políticas públicas. “São necessárias políticas integradas. Nós, do sistema da Justiça, atuamos na consequência. Tem que mexer na causa”, disse.
Casos recentes
Só no DF, houve três feminicídios em menos de dois dias. A última vítima foi Adriana Castro Rosa Santos, de 40 anos, assassinada na manhã desta terça-feira (7). Ela foi morta na porta de casa pelo ex-marido, o policial militar Epaminondas Silva Santos, com quem tinha dois filhos. Ele se matou após cometer o crime.
Na noite de segunda, um morador da Asa Sul foi preso por suspeita de ter jogado a mulher da janela do apartamento. No domingo, um taxista matou a mulher na garagem de casa, na quadra 405 do Recanto das Emas.
Em Guarapuava, no Paraná, o biólogo Luís Felipe Mainvailer foi denunciado pela morte da mulher, a advogada Tatiane Spitzner, que caiu do 4ª andar do prédio onde moravam em 22 de julho.
Imagens de câmeras de segurança mostram que Luís Felipe agrediu Tatiane por mais de 20 minutos antes da morte dela e que a impediu de sair do local.
Ele foi preso tentando fugir para o Paraguai, segundo a polícia. A perícia feita no local da morte constatou que Tatiane teve uma fratura no pescoço, característica de quem sofreu esganadura.
No Rio de Janeiro, um homem matou a mulher grávida de 2 meses na frente do filho de 3 anos do casal, nesta segunda-feira (6), no Complexo do Alemão. Anderson da Silva, de 28 anos, confessou ter asfixiado Simone de Souza, de 25, e está preso.
Outra mulher grávida foi morta pelo marido em Jaraguá do Sul (SC). Andreia Campos Araújo morreu por traumatismo craniano após ser agredida por Marcelo Kroin. Ela estava grávida de três meses, e o corpo foi encontrado enrolado em um lençol no domingo (5). Marcelo foi preso em flagrante.
Segundo o IML, a suspeita é de que Andreia tenha sido espancada e até esganada. Marcelo já tinha registro na polícia por violência doméstica contra a ex-mulher.
No Recife (PE), uma pastora evangélica foi assassinada a tiros na noite de segunda-feira. Um homem foi preso em flagrante pela morte. Ele é ex-companheiro da mulher apontada como namorada da pastora.
Como denunciar
O serviço do número 180 é gratuito, funciona 24 horas por dia e preserva o anonimato a quem denuncia. Segundo o governo federal, há muitas mulheres que ligam apenas para solicitar informações ou encaminhamento para serviços especializados.
As denúncias sobre violência, no entanto, representam uma importante parcela da razão dos telefonemas. Nesta década, o Ligue 180 recebeu 844.123 relatos de violência contra a mulher.
Os relatos recebidos via telefone são encaminhados aos sistemas de Segurança Pública e ao Ministério Público do local correspondente. O governo federal ressalta que não somente mulheres que sofrem violência devem ligar, mas também qualquer amigo ou familiar.
Além da medida protetiva, a mulher também tem direito a atendimento por equipe multidisciplinar composta por psicólogo e assistente social.
Lei Maria da Penha
A Lei Maria da Penha tornou crime a violência doméstica e familiar contra a mulher em 7 de agosto de 2006. O nome foi dado em homenagem à farmacêutica Maria da Penha Fernandes. Em 1982, o marido tentou assassiná-la duas vezes. Na primeira, ela levou um tiro nas costas e ficou paralítica.
O julgamento contra o ex-marido transcorreu lentamente. Em 1998, a farmacêutica denunciou o caso à Corte Interamericana de Direitos Humanos. O Brasil foi condenado e, a partir disso, seguiu a recomendação da Corte para criar uma legislação destinada à prevenção e punição da violência doméstica.
G1
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