Walter Delgatti Neto, o hacker da Vaza Jato, afirmou nesta quinta-feira (17) em depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) assegurou que daria uma medida de proteção caso fosse preso por invasão e mostrar fragilidade nas urnas eletrônicas.
Ele disse à CPMI que a promessa de Bolsonaro foi feita durante uma reunião no Palácio da Alvorada. No encontro, Delgatti afirmou que o ex-presidente o questionou sobre a invasão às urnas eletrônicas, para testar a lisura dos equipamentos do sistema eleitoral.
“Ele me disse que estaria salvando o Brasil, que era a liberdade do povo em risco, precisava ajudar ele a garantir a lisura das eleições. Ele disse que teve acesso a um inquérito da PF em 2018 e uma pessoa teve acesso ao TSE, ao código fonte, que poderia ter manipulado. Nisso, a conversa foi evoluindo e chegou a parte técnica, o presidente me disse: ‘Da parte técnica eu não entendo nada, preciso que você vá até o Ministério da Defesa e converse com os técnicos’”, declarou o hacker ao responder uma pergunta da relatora da comissão, senadora Eliziane Gama (PSD-MA).
A senadora da comissão questionou se Delgatti recebeu garantia de proteção do ex-presidente. Em resposta, o hacker informou que foi oferecido no mesmo dia.
“Sim, recebi. Inclusive, a ideia ali era que eu receberia um indulto do presidente. Ele havia concedido um indulto a um deputado federal e como eu estava com o processo da Spoofing à época, e com as cautelares que me proibiam de acessar a internet e trabalhar, eu visava a esse indulto. E foi oferecido no dia”, afirmou.
Grampo contra Moraes
Walter Delgatti afirmou para a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que, em reunião com Bolsonaro, ouviu do ex-presidente que o governo teria grampeado o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes. Segundo o hacker, Bolsonaro sugeriu que ele “assumisse a autoria” do grampo.
“Eu falei com o presidente da República e, segundo ele, eles haviam conseguido um grampo tão esperado na época do ministro Alexandre de Moraes. Segundo ele, o grampo já tinha sido realizado já que teria conversas comprometedoras do ministro e ele precisava que eu assumisse a autoria desse grampo”, pontuou.
Delgatti acrescentou que a ideia era evitar questionamentos “da esquerda”. “Lembrando que, à época, eu era o hacker da Lava Jato, né. Então, seria difícil a esquerda questionar essa autoria, porque lá atrás eu teria assumido a ‘Vaza-Jato’, que realmente fui eu, e eles apoiaram. Então, a ideia era que um garoto da esquerda assumisse esse grampo”, reforçou.
Flávio Bolsonaro
Walter Delgatti ao ser inquirido pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) utilizou o direito de permanecer em silêncio por orientação dos advogados, como foi decidido pelo ministro Edosn Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF).
O senador fez perguntas como o conhecimento dos testes feitos nas urnas eletrônicas pelo Tribunal Superior Eleitoral, quem paga os advogados, data que esteve no Ministério da Defesa e relacionadas ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Em todas elas, a resposta de Delgatti foi: “Ficarei em silêncio”.
More Stories
Camaçari: Prefeito Caetano participa da entrega das cesta de Páscoa
Prefeito de Feira de Santana se reúne com Governo da Bahia para tratar do Programa Bahia pela Paz
Populares organizam manifestação contra blitz no trânsito de Candeias