Aconteceu nesta terça (25) a conferência da filósofa e ativista norte-americana Angela Davis, “Atravessando o tempo e construindo o futuro da luta contra o racismo”, no auditório do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (IFBA)
Angela Davis está na Bahia desde o fim de semana passado, a convite do Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre a Mulher (NEIM/UFBA) e do Coletivo Angela Davis da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), em parceria com a Odara – Instituto da Mulher Negra. Ao longo da semana, entre 17 e 21 de julho, ela deu um curso fechado no campus de Cachoeira da UFRB, abordando o feminismo negro nas Américas descolonizadas.
Angela Davis é ativista política de longa trajetória, ou seja, desde os anos 1970, quando se apresentou ao mundo como comunista e dirigente do grupo radical Panteras Negras (Black Panther Party). Ganhou mais notoriedade ao ser feita ré de um dos mais controvertidos julgamentos criminais da história de seu país, o que terminou por lhe valer, em 1979, o Prêmio Lênin da Paz. Traz no currículo décadas de lutas pelos direitos civis das pessoas negras e contra seu encarceramento em massa, batalhas contra múltiplas formas de racismo e de sexismo, temas a que mais recentemente adicionou o da sustentabilidade do planeta.
Em paralelo, Davis é pensadora respeitada nos meios acadêmicos, reconhecida pela competente articulação que estabelece entre demandas dos movimentos sociais e reflexões teóricas. Formou-se em Filosofia pelas Universidades Brandeis dos Estados Unidos, Sorbonne, na França, e de Frankfurt, na Alemanha, e nesse percurso foi aluna de Jean-Paul Sartre e de Herbert Marcuse. Hoje ela ocupa a Cátedra Presidencial da Universidade da Califórnia no Departamento de Estudos Afroamericanos.
Essa mulher, dona de um percurso poderoso e singular, nasceu em 1944 no estado do Alabama, sul dos Estados Unidos, segregacionista ao extremo e famoso pelo furor de sua resistência às políticas de direitos civis dos negros nos anos 1960.
Aos 73 anos, Angela Davis entende que “o desafio do século XXI não é reivindicar oportunidades iguais para participar da maquinaria da opressão, e sim identificar e desmantelar aquelas estruturas nas quais o racismo continua a ser firmado”. Este é o único modo pelo qual “a promessa de liberdade pode ser estendida às grandes massas”, afirma. Autora de dezenas de livros, entre seus trabalhos mais lidos estão Mulheres, cultura e política, O significado de liberdade, As prisões estão obsoletas? e Mulheres, raça e classe, publicado em 1981 e recentemente lançado no Brasil.
A vinda de Angela Davis a Salvador é uma iniciativa do movimento #julhodaspretas, organizada em parceria entre o Instituto Odara, Coletivo Angela Davis, Núcleo de Estudos Interdisciplinar da Mulher (NEIM), a UFRB e a Ufba. “Ela tem papel essencial na luta contra o racismo nos Estados Unidos, onde discutiu o encarceramento da população negra e levantou importantes críticas ao sistema prisional americano. Lá, como no Brasil, os negros são alvo preferencial da ação do Estado através da polícia”, diz Valdecir Nascimento, coordenadora do Odara.
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