A Assembleia Legislativa, através da Comissão de Educação, Cultura, Ciência e Tecnologia e Serviço Público, debateu, em audiência pública realizada na manhã desta terça-feira (28), no Auditório Jornalista Jorge Calmon, as Filarmônicas da Bahia e Seus Desafios. Antes do evento, 100 músicos, representantes de 60 filarmônicas, executaram hinos e dobrados na entrada da Casa.
A principal reivindicação dos músicos é conseguir alguma subvenção estatal que mantenha as orquestras em atividade. Segundo o maestro Fred Dantas, que se dedica às filarmônicas desde 1982, elas ainda “estão vivas porque fazem parte do pulsar social da Bahia, das cidades do interior”. Mas, adianta, “às custas de bingos, bailinhos, forró natalino e rifas” O maestro não acredita que a inexistência de apoio oficial se dê por falta de recursos. Ele garante que há “R$ 84 milhões reservados para programas do Governo” na área da Cultura.
Então, “dinheiro tem” e em quantidade suficiente “pra incentivar todas as filarmônicas do Estado e ainda cumprir o programa cultural do Governo”. Mas ele assegura que não recebem “nada”, à exceção da época dos festejos do 2 de Julho, data da Independência da Bahia, quando o Estado lança edital para dez filarmônicas e concede a cada uma R$ 6 mil.
Segundo a diretora-geral da Fundação Cultural do Estado, Renata Dias, que participou da reunião representando a Secretaria da Cultura, o Governo tem uma prática de interlocução com a sociedade civil e as reivindicações são acolhidas como “um processo natural das estruturas democráticas”.
Considerou a audiência pública da Comissão de Educação da ALBA “extremamente relevante”, em especial se “considerarmos o significado das filarmônicas para os campos cultural e musical da Bahia”.
CULTURA
Para a presidente da Comissão de Educação, Cultura, Ciência e Tecnologia e Serviço Público, Fabíola Mansur (PSB), toda audiência pública da ALBA dá visibilidade a temas importantes e o objetivo foi justamente o fortalecimento das politicas voltadas às filarmônicas, instrumentos “importantes para inclusão da juventude e para a cultura baiana”.
O encontro foi proposto em abril pelo Movimento Filarmônicas Unidas, criado e liderado pelo maestro Fred Dantas. A comissão acatou o pedido e, segundo Mansur, “queremos ser a voz das filarmônicas. As proposições que faremos serão baseadas nos legítimos pleitos aprovados na audiência”.
A ideia da presidente do colegiado é dialogar, e para isso “é necessário legitimar os pleitos”, o que acontece numa audiência pública, informou. Fabíola Mansur já pediu ao Governo do Estado edital especifico para o segmento, já apresentou emenda em beneficio das orquestras e, a partir do encontro da manhã dessa terça-feira, pretende construir um grupo de trabalho permanente que dialogue com a Secretaria da Cultura “para que se encontrem soluções à luz das restrições orçamentárias que todos sabemos que existe”.
EDITAL
A principal reivindicação dos músicos lançada na audiência pública foi para que o Governo publique, em caráter emergencial, um edital que contemple com, pelo menos, R$ 50 mil cada orquestra, “para nos soerguermos. Depois pensaremos no futuro”, anunciou Fred Dantas, que liderou na reunião 104 filarmônicas. Dentre elas, a Minerva Cachoeirana, que comemorou este ano 141 anos de existência e reúne 55 músicos.
Adriano Passos, percussionista há uma década na Filarmônica Centro Popular Cairuense, que possui 106 anos de história em Cairu, espera apoio para as filarmônicas do Baixo Sul, lembrando que as orquestras são responsáveis também por revelar novos músicos no interior, e pela manutenção de escolinha de música para crianças a partir de 8 anos. Ele parabenizou a Assembleia Legislativa pela iniciativa, na esperança de que a reunião lance maior visibilidade sobre as necessidades das orquestras.
Ismael Souza Damasceno, clarinetista da Sociedade Filarmônica Euterpe Cruzalmense, de Cruz das Almas, também espera ajuda. Para a compra e manutenção dos instrumentos, para a confecção dos uniformes, para a escolinha infantil. A orquestra, que possui 50 integrantes, sobrevive do aluguel de um salão que possui na cidade. Para ele, o grande desafio é manter o grupo musical e a cultura vivos. No seu diagnóstico, está cada vez mais difícil formar novos músicos.
“Quanto maior a cidade, mais difícil é para as filarmônicas”, atesta, porque os jovens não demonstram interesse neste tipo de banda. Ele esteve na Assembleia Legislativa na esperança de que “o Estado olhe pra gente”.
Fred Dantas espera que a reunião resulte em alguma ação concreta. “Senão, não vamos parar, seremos sempre uma pedra no sapato”, anunciou.
A mesa dos trabalhos esteve composta pela deputada Fabíola Mansur; pelo professor Paulo Costa Lima, pró-reitor da Ufba; pai Raimundo de Xangô, sacerdote de umbanda; padre Lázaro Muniz; Luís Cláudio Guimarães, presidente da Academia de Letras e Artes de Salvador; José Carlos Travessa, diretor da Escola Técnica São Joaquim; Roberto Franco, da filarmônica Minerva Cachoeirana; professor Celso Benedito, pesquisador das filarmônicas da Ufba e membro do Forum das Filarmônicas; os maestros Helder Passinho, da Rede de Projetos Orquestrais da Bahia, e Fred Dantas; Maurício Brandão, da Escola de Música da Ufba, e Renata Dias, da Fundação Cultural.
Ascom ALBA
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