Aposentados sofrem com descontos indevidos do INSS há mais de 7 anos

Há pelo menos sete anos, aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) enfrentam um problema recorrente e alarmante: descontos indevidos em seus benefícios. Mesmo sem autorização ou conhecimento, muitos vêm notando valores descontados mensalmente de seus pagamentos, que vão desde contribuições para associações até supostos seguros ou empréstimos consignados.

Maria das Dores, 72 anos, moradora de Salvador (BA), só descobriu que havia descontos indevidos quando sua filha consultou o extrato bancário. “Estavam tirando R$ 29,90 todo mês, e eu nem sabia do que se tratava. Quando fui ver, era uma associação que nunca ouvi falar”, relata.

De acordo com dados colhidos pela PF e CGU, os descontos ilegais podem somar mais de R$ 11 bilhões em prejuízos aos beneficiários em todo o país, apenas nos últimos sete anos. Em muitos casos, o desconto se dá sob o código “mensalidade associativa” — termo genérico que dificulta a identificação da origem do débito.

O presidente do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Alessandro Stefanutto, foi afastado do cargo em 23 de abril de 2025, após a deflagração da Operação Sem Desconto pela Polícia Federal (PF) e pela Controladoria-Geral da União (CGU). A operação investiga um esquema de descontos não autorizados em aposentadorias e pensões, que teria causado prejuízos de até R$ 6,3 bilhões desde 2016 .

Motivo do afastamento

A Justiça Federal determinou o afastamento de Stefanutto com base em indícios de omissão diante das fraudes que ocorriam desde 2019. Segundo a CGU, apesar das denúncias, não foram tomadas medidas efetivas por parte do INSS para coibir as irregularidades .

Operação Sem Desconto

A Operação Sem Desconto mobilizou cerca de 700 policiais federais e 80 servidores da CGU para investigar o esquema de descontos ilegais em benefícios previdenciários. Além de Stefanutto, outros cinco servidores públicos foram afastados de suas funções .