A chamada “PEC da Blindagem” escancarou o que já se sabia: a direita brasileira vive uma crise de identidade e de liderança. A proposta, que levava a digital de Antônio Rueda, Ciro Nogueira e ACM Neto, buscava criar um escudo para políticos investigados, numa tentativa de autopreservação travestida de agenda institucional.
O movimento, no entanto, revelou mais fragilidade do que força. Em vez de unir o campo conservador, expôs suas fraturas. O bolsonarismo, barulhento mas cada vez mais desgastado, insiste em impor sua pauta, enquanto figuras como Tarcísio de Freitas, que poderiam representar uma alternativa, perdem fôlego diante de erros estratégicos e falta de posicionamento firme.
Ao mesmo tempo, a tentativa de avançar com a PEC coincidiu com a articulação de manobras para enfraquecer a base do governo Lula. Era o cálculo político de criar instabilidade institucional e forçar partidos a se afastarem do Planalto. Mas a estratégia falhou: Lula ganhou popularidade, a base governista se manteve e a direita saiu menor do que entrou nessa disputa.
As manifestações do último domingo, que rejeitaram de forma contundente a PEC, foram um marco. Mostraram que a sociedade, o centro político e a esquerda conseguem reagir quando está em jogo o princípio da democracia e da responsabilização.
No fim, a “direita da PEC da Blindagem” se mostra aquilo que tem sido nos últimos meses: um grupo sem projeto para o país, guiado apenas por interesses imediatos e pela sobrevivência política de suas lideranças. É um jogo de curto prazo que, em vez de fortalecer, mina qualquer possibilidade de construção sólida para 2026.



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