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A coragem de ser Preta Gil até o fim

Preta Gil não foi apenas uma cantora, atriz ou filha de um ícone da música brasileira. Ela foi uma força. Uma mulher que enfrentou, de peito aberto, não só os palcos e os holofotes, mas também as duras batalhas da vida — e, mais recentemente, a luta mais difícil: o câncer.

Desde o diagnóstico em 2023, Preta decidiu viver o tratamento com a mesma transparência com que sempre viveu sua arte e sua militância. Compartilhou dores, medos e também vitórias. Em tempos de redes sociais moldadas pela perfeição e pelo filtro, ela escolheu mostrar a realidade crua de um corpo em guerra. Foi humana. Foi vulnerável. E, por isso mesmo, foi ainda mais gigante.

Preta enfrentou preconceitos ao longo da vida — por ser mulher, por ser gorda, por ser preta, por ser livre. Sua existência foi um ato político, uma afirmação constante de identidade, alegria e resistência. E mesmo diante de um diagnóstico avassalador, não deixou que a doença apagasse sua essência. Seguiu cantando, sorrindo, amando, lutando.

Escolheu ir aos Estados Unidos em busca de um tratamento experimental quando as opções no Brasil se esgotaram. Não foi um ato de desespero, mas de esperança — a mesma esperança que ela transmitia a cada postagem, a cada fala, a cada aparição pública, mesmo debilitada. Preta não queria ser vítima: queria ser exemplo.

E foi.

A morte de Preta Gil aos 50 anos nos dói, mas também nos ensina. Ensina que é possível enfrentar o pior com dignidade. Que é possível transformar dor em diálogo. Que é possível ser verdadeira mesmo diante da finitude.

Preta nos mostrou que a luta contra o câncer é muito mais que um corpo enfrentando uma doença. É uma batalha pelo direito de continuar sendo quem se é. Até o fim.