Um escândalo de corrupção abalou o governo argentino na última semana, provocando a demissão do chefe da Agência Nacional para a Deficiência (Andis), Diego Spagnuolo, e levantando suspeitas sobre figuras centrais do círculo próximo ao presidente Javier Milei.
Áudios divulgados pela imprensa local, cuja autenticidade ainda não foi confirmada, mostram uma voz atribuída a Spagnuolo denunciando suposta cobrança de propinas dentro da agência. Nos registros, ele afirma que Karina Milei, irmã do presidente e secretária-geral da Presidência, e Eduardo “Lule” Menem, subsecretário de gestão institucional, estariam envolvidos em um esquema de suborno de indústrias farmacêuticas. Segundo a denúncia, até 8% do faturamento das empresas seria exigido para garantir contratos de fornecimento de medicamentos ao governo.
Spagnuolo chegou a dizer que “Karina recebia a maior fatia” dos valores arrecadados e acusou o grupo de “fraudar sua agência”. A repercussão levou o governo a exonerá-lo “como medida preventiva”, segundo comunicado oficial.
Investigações e operações policiais
Na sexta-feira (23), autoridades argentinas realizaram buscas em residências, na sede da Andis e em empresas farmacêuticas. Na casa de Spagnuolo, a polícia apreendeu celulares e uma máquina de contar dinheiro. O presidente Javier Milei ainda não se manifestou diretamente sobre o caso, mas minimizou o impacto das denúncias, afirmando que não se preocupa com “ataques da oposição” às vésperas das eleições legislativas de meio de mandato.
Karina Milei, considerada a principal conselheira e figura de maior confiança do presidente, não comentou publicamente. Já Lule Menem classificou os áudios como uma “operação política grosseira do kirchnerismo”, acusando a oposição de tentar desgastar o governo.
Parlamentares opositores pedem que autoridades do Ministério da Saúde, responsável por supervisionar a Andis, sejam convocadas ao Congresso para esclarecer as acusações.
Impactos políticos e econômicos
O escândalo surge em um momento delicado para Javier Milei, que enfrenta derrotas legislativas e tenta consolidar sua agenda de austeridade e reformas de mercado antes das eleições de setembro e outubro, consideradas um referendo sobre sua gestão.
A crise política repercutiu imediatamente nos mercados. Na segunda-feira (25), os títulos internacionais da Argentina em dólar caíram para mínimas de meses, enquanto o índice de ações da bolsa de Buenos Aires recuou 4%, após já ter perdido 3,8% na semana anterior. O peso argentino também desvalorizou quase 3% frente ao dólar.
Segundo Marcelo Garcia, diretor da consultoria Horizon Engage, investidores estrangeiros temem que a queda de popularidade de Milei comprometa sua capacidade de implementar reformas econômicas. “Um escândalo de corrupção envolvendo uma agência voltada a pessoas com deficiência é especialmente sensível, pois reforça a imagem de que Milei não se importa com os mais frágeis”, disse à Reuters.
Um relatório do banco Bradesco, citado pelo site InfoMoney, destacou que o episódio mina a credibilidade do governo e aumenta a percepção de risco político em um momento crucial para o país.
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