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Exaltado por evangélicos brasileiros, Israel amplia acesso ao aborto e garante autonomia às mulheres

Em junho de 2022, o governo de Israel aprovou mudanças importantes nas regras relativas ao aborto, com o objetivo de facilitar o acesso das mulheres ao procedimento e tornar o processo mais ágil, menos burocrático e mais respeitoso. A decisão foi aprovada por um comitê parlamentar e inclui medidas como a liberação da pílula do dia seguinte pelo sistema público de saúde e o fim da obrigatoriedade de comparecimento presencial a um comitê antes da realização do aborto — etapa que era vista como constrangedora e invasiva por muitas mulheres.

Com a nova regulamentação, o processo de solicitação do aborto passou a ser feito online, com a possibilidade de atendimento por assistentes sociais, tornando o acesso mais rápido e menos traumático. O então ministro da Saúde, Nitzan Horowitz, classificou a reforma como um avanço nos direitos humanos, destacando o respeito à autonomia das mulheres e seu direito de decidir sobre o próprio corpo.

Em Israel, o aborto é permitido em diversas circunstâncias e é tratado com menos controvérsia do que em países como os Estados Unidos. Além disso, o Estado israelense reconhece uniões homoafetivas celebradas fora do país, garantindo a casais LGBTQIA+ direitos civis, como adoção e benefícios sociais.

Apesar desse cenário progressista em relação a temas que dividem profundamente a opinião pública brasileira — como o aborto e os direitos LGBTQIA+ —, líderes e fiéis evangélicos no Brasil continuam exaltando Israel como uma nação messiânica, símbolo do cumprimento das profecias bíblicas. Durante eventos como a Marcha para Jesus, é comum ver fiéis carregando a bandeira do país, com declarações de apoio e reverência ao chamado “povo santo”.

Essa veneração, no entanto, contrasta com os valores defendidos por grande parte das lideranças evangélicas brasileiras, que condenam de forma veemente as práticas liberais adotadas em Israel. Para estudiosos da Bíblia, essa admiração se baseia em uma leitura simbólica e espiritualizada do Israel bíblico, e não necessariamente no Estado moderno e suas políticas atuais.

O apóstolo Paulo, em suas cartas, especialmente na epístola aos Romanos, destaca que em Cristo todos são chamados a serem parte do povo eleito — judeus e gentios —, afirmando que não é mais uma linhagem étnica que define quem é o “povo santo”, mas a fé em Jesus Cristo, o Cordeiro.

A exaltação a Israel, portanto, pode revelar mais uma idealização religiosa do que um alinhamento com a realidade política e social do país. Em tempos de polarização e disputas ideológicas, a fé também pode ser usada de forma seletiva — celebrando símbolos enquanto ignora as complexidades por trás deles.