Por falta de tempo, consenso e até de vigor físico de seus filiados, o PT deverá adiar em pelo menos um mês o congresso em que será eleito o futuro comando do partido. A data será fixada nesta quinta (19) durante reunião da cúpula petista.
Originalmente programado para começar no dia 7 de abril, o congresso deverá acontecer em junho. A pedido de presidentes de diretórios municipais e estaduais, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, assumiu a tarefa de formalizar a proposta na reunião da executiva do partido.
Os dirigentes partidários reclamam do cronograma apertado para organização das eleições municipais, nos quais serão escolhidos os delegados estaduais que, por sua vez, indicarão seus representantes para o congresso partidário. Os filiados petistas se queixam também de um cansaço físico, produto de todo o processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff em tempos de operação Lava Jato.
Pelo cronograma original, os mandatos terminariam em novembro. Após discussões internas, seu encerramento foi antecipado para abril. À época, Falcão sugeriu que a eleição ocorresse em maio. Mas concordou com a convocação do congresso para abril. Hoje, são os petistas de diferentes correntes que sugerem o adiamento. Até o calendário de feriados é apontado como motivo para o adiamento, como ressalta o presidente do PT do Rio, Washington Quaquá.
“No Brasil tem Carnaval, e com o Carnaval no meio fica um tempo muito curto”, afirma. A tensão interna também pesa para o adiamento da disputa. Em outubro de 2016, foi composta uma comissão de 21 integrantes para elaboração de textos que servissem de base para o Congresso Nacional do PT. Mas faltou consenso para a produção de artigos em conjuntos. E as teses foram assinadas, individualmente, por seus autores.
Um dos artigos contrariou os colaboradores e amigos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Assinado por André Singer e o secretário nacional de Formação do PT, Carlos Henrique Árabe, o documento usa a expressão “lulismo” para definir um governo que se limitou a “margens disponíveis” para “proceder tênues reformas suportadas pelo capital”.
O texto da dupla critica a escolha de um empresário de Lula para a vice em 2002 e o lançamento da “Carta ao Povo Brasileiro”, divulgada durante aquela eleição numa tentativa de aplacar a resistência do empresariado à sua candidatura.
O artigo chama de “jocosa” a declaração em que o ex-presidente se apresentou como “Lulinha paz e amor”, em um outro aceno à classe média. Integrante da comissão, o ex-ministro Luiz Dulci reagiu durante as reuniões. Embora afirmando não ser um porta-voz do ex-presidente, Dulci lembrou que o conceito do “lulismo” nunca fora incorporado ao PT e afirmou que grandes avanços do governo Lula, como a política de valorização do salário-mínimo, não tiveram merecido destaque nos documentos.
O combate à corrupção também foi fonte de constrangimento durante as reuniões. Para evitar divergências já no início dos debates, o tema foi o último item da pauta de discussões. Ainda assim, os representantes da CNB (Construindo um Novo Brasil), maior força petistas, não abordaram o assunto em seu artigo.
Dulci chegou a ventilar a apresentação de um texto exclusivo sobre o tema. Mas, sem ter sido concluído, o documento não foi entregue a tempo da publicação de um caderno que será distribuído aos dirigentes partidários nesta sexta (20), durante reunião do diretório nacional do PT.
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