Imagine um espaço onde as crianças podem brincar ao ar livre, com segurança, sem a pressão de atividades obrigatórias, mas com a presença de monitores prontos para auxiliá-las e sem necessidade alguma de que precisem consumir o que quer seja. Esse espaço existe em Salvador e consiste na proposta do Projeto Crianças na UFBA, que é realizado sempre no primeiro sábado de cada mês na Praça das Artes, em frente à Biblioteca Central, no Pavilhão de Aulas de Ondina.
Essa edição, realizada no início da tarde de hoje(03), culminou com o encerramento do Enecult e, como nas edições anteriores, teve direito à lanche compartilhado e coletivo e diversas brincadeiras, além da presença de estudantes de intercâmbio que se transformaram numa atração à parte para as crianças que tinham vontade e curiosidade em conversar em outro idioma.
De acordo com uma das coordenadoras do Projeto, a professora do curso de Psicologia Juliana Prates, a proposta surgiu há quatro anos, depois de um Sarau Infantil realizado como atividade de mobilização, durante a greve de 2015. “Percebi como Salvador é uma cidade pobre em espaços públicos abertos e livres da pressão do consumo. Porque mesmo com todo esse litoral, por exemplo, qualquer praia, praça ou parque é possível gastar muito e nem sempre isso garante a qualidade da diversão para a criança”, completa a psicóloga.
Sem telas
Presente na atividade desde a primeira edição, a servidora pública Clésia Miranda, 35, faz questão de trazer os três filhos sempre que a atividade é realizada. “Essa é uma oportunidade de tirá-los da frente das telinhas e telonas, possibilitando que eles interajam com outras crianças, num ambiente seguro e com bastante verde”, afirma, comemorando o fato de que o filho mais velho aprendeu a pular corda justamente numa dessas atividades.
Quem também comemora a oportunidade de se livrar dos eletrônicos é o professor Felipe Fortes, 42. “Aqui não é preciso ficar controlando o uso de celular e eles não reclamam o fato de que não estão com crianças com a mesma faixa de interesse”, diz, pontuando que é uma pena que não existam outras possibilidades similares de entretenimento. Ele pontua que mesmo as feiras e atividades em praças públicas terminam tendo um apelo de compra muito grande para a criança e termina sendo estressante para os pais que precisam negociar o que pode ou não pode ser consumido. “Moro na Pituba e, por vezes, qualquer ida a praça chega a custar R$200,00 por dia. Algo muito fora de propósito”, pontua.
Todos os sábados, o Crianças na UFBA chega a receber uma média de 100 crianças de idades diversas. Juliana conta que, se no início, a atividade terminava sendo frequentada apenas por servidores da própria Universidade, a divulgação boca a boca terminou possibilitando que outros grupos pudessem também aproveitar o espaço que é aberto para qualquer pessoa. “Minha filha passou para o fundamental dois e fui convidar os colegas dela para frequentarem o espaço e foi engraçado quando uma criança questionou: ‘mas para ir na UFBA não precisa fazer Enem?’(Risos)Não, não precisa. O espaço é aberto livre e está esperando para ser ocupado e cuidado”, reforça a coordenadora.
Nas redes
Vale destacar que o Criança na UFBA conta com a parceria do curso de Serviço Social e realiza parcerias diversas com cursos de extensão de outras unidades da Universidade, como Veterinária, Saúde Coletiva e Biologia, possibilitando que nas atividades de sábado haja feira de saúde, visita de animais diversos, entre outras atividades.
Além do lazer e da integração, o projeto também trabalha noções de sustentabilidade presente no cuidado com acondicionamento, descarte e reuso do lixo produzido e uma preocupação com preservação do meio ambiente, por meio das atividades de conservação ambiental realizadas no espaço da Praça das Artes. No espaço, as crianças também são estimuladas a dividirem o lanche e os brinquedos.
Para saber mais, acesse a página do Criança na UFBA https://www.facebook.com/criancas.uf/
Correio / Carmen Vasconcelos
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